O pico de infeções esperado para o início deste mês parece não ter sido ainda atingido e a tendência mantém-se crescente, disse ontem a diretora-geral da Saúde na conferência em que foi anunciada a exceção para pessoas em isolamento poderem ir votar no dia 30. Quantas serão na altura ninguém consegue adivinhar e as projeções vão-se sucedendo, mas o pico de infeções que chegou a estar previsto para a semana passada não se confirmou e a tendência mantém-se de aumento de diagnósticos, com a situação em Lisboa a dar sinais de maior estabilização mesmo com o recorde de casos diagnosticados ontem.
Se as eleições fossem hoje, estão agora mais de 700 mil portugueses em isolamento entre pessoas infetadas e contactos de risco sinalizados pelas autoridades de saúde de acordo com os boletins da Direção Geral da Saúde, mas Graça Freitas disse que há que ter em conta que uma parte significativa dos novos casos de infetados são crianças sem idade para votar. E essa é a tendência nova na atual situação epidemiológica: os casos em crianças e jovens dispararam nos últimos dias e têm agora um peso maior na distribuição de casos a nível nacional do que em qualquer outro momento a pandemia, representando mais de um terço dos diagnósticos feitos no país no dia em que foi registado um máximo de 52 mil casos em 24 horas. O número de crianças em isolamento neste período supera já o balanço do Ministério da Educação feito para o primeiro período: só esta terça-feira, em 24 horas, testaram positivo para o SARS-COV-2 17 302 crianças e jovens até aos 19 anos de idade e desde o início do mês houve mais de 132 mil crianças e jovens a testar positivo. Os novos casos aumentam também na geração dos pais e nos mais velhos: no dia em que foi batido o recorde de 52 mil novos casos, testaram positivo para o SARS-COV-2 876 idosos com mais de 80 anos, superando assim o que era o balanço semanal de infeções nesta faixa etária no final de dezembro.
O que não se sabe Ontem o número de internados nos hospitais estabilizou e o que tem sido relatado ao i é que há mais casos em que pessoas testam positivo quando são internadas por outros motivos. Não se sabe atualmente quantos doentes estão internados com quadros de doença covid-19 e destes quantos estavam ou não vacinados. Outra ideia é que existe uma maior rotatividade dos doentes, que ficam internados menos tempo, têm alta e isso compensa o número de entradas, um movimento elevado nas enfermarias que os boletins diários não captam. Segundo o i apurou, na região Lisboa, atualmente a que tem o maior número de doentes internados e onde os casos de covid-19 aumentaram mais numa fase inicial, por exemplo esta terça-feira o número de internados com teste positivo para o SARS-Cov-2 subiu de 941 para 951, menos do que em dias anteriores, mas só nos últimos dois dias houve cerca de 180 doentes infetados a ter alta hospitalar e 40 óbitos, pelo que enquanto continuar a haver uma subida nos internamentos significa que são mais os doentes admitidos com covid-19 do que os que têm alta. Lisboa é ao mesmo tempo a única região onde parece haver uma estabilização no número de novos contágios, sem sinais de uma descida sustentada ainda.
Quase 600 mil testaram positivo para a covid-19 Com o aumento de diagnósticos nos últimos dias, ontem somavam-se já quase 590 mil portugueses com teste positivo para a covid-19 desde o início do mês. Só entre casos confirmados por teste foi infetada desde o início do ano 6% da população. As estimativas da Universidade de Washington para Portugal é que 45% da população seja infetada com o SARS-COV-2 este inverno, com os casos confirmados a representar apenas uma pequena fração das infeções, muitas assintomáticas.
Os níveis de letalidade associados à doença e também os internamentos muito aquém do ano passado por esta altura, não sendo feita também a discriminação de mortes por covid-19 ou por outras causas agravadas pela infeção. As primeiras duas semanas de janeiro têm estado a registar uma mortalidade global no país por todas as causas abaixo do expectável nesta altura do ano mesmo antes da pandemia. Há um ano, Portugal, a viver uma vaga de frio prolongada por cima do aumento de infetados com covid-19 sem vacinas, registava já mais de 600 mortes diárias e atualmente a média diária situa-se mas 370 mortes, abaixo do mesmo período de janeiro nos últimos anos. Ainda não foi publicada uma análise sobre a mortalidade mas um dos fatores habitualmente associados ao aumento da mortalidade no inverno são vagas de frio.