Depois de na semana passada uma oficial da Organização Mundial de Saúde ter afirmado que a fase pandémica da covid-19 não estava minimamente perto do fim, contrariando a ideia de uma transição a curto trecho para uma situação de endemia, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde insistiu na ideia de que há uma narrativa “enganadora” de que a Omicron é uma variante mais leve e que isso pode custar mais vidas. “Em média a Omicron pode ser menos grave, mas a narrativa de que é uma doença leve é enganadora, prejudica a resposta geral e custa mais vidas”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, salientando que a Omicron continua a causar hospitalizações e mortes e que mesmo casos ligeiros aumentam a pressão sobre os hospitais. “Para muitos países, as próximas semanas continuam a ser críticas para os profissionais de saúde e sistemas de saúde e peço a todos que façam o possível para reduzir o risco de infeções, para que possam ajudar a aliviar a pressão sobre os sistemas”, afirmou.
Uma das questões que tem vindo a ser suscitada pela OMS é que dada a elevada disseminação na população, com a estimativa de que mais de metade da população terá contacto com o vírus este inverno, pode levar à emergência de variantes mais adaptadas a escapar aos anticorpos desenvolvidos. “Vemos muitas pessoas sugerir que a Omicron é a última variante e que depois disto acabou. E esse não é o caso porque este vírus está a circular de forma muito intensa em todo o mundo”, afirmara já de véspera Maria Van Kerkhove, uma das dirigentes da OMS na resposta à pandemia. “Não sabemos ainda as consequências de deixar isto acontecer. Até aqui o que temos vistos em áreas em que houve transmissão descontrolada foi que foi pago um preço com a emergência de novas variantes e são novas incertezas com que teremos de lidar à medida que avançamos”, acrescentou Bruce Aylward, também dirigente da organização.