“Digo ao doutor António Costa que o Bloco está disponível e o convida para que nos reunamos no dia 31, para trabalharmos uma agenda de medidas e metas para quatro anos”. O convite direto foi feito por Catarina Martins na tarde deste domingo em campanha eleitoral.
No Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, a coordenadora do Bloco de Esquerda contou mais sobre a sua intenção: “Levarei para a mesa as prioridades na saúde, no trabalho e no clima. Nessa mesa estarão todos os que foram esquecidos nestes anos e lá estarão as soluções para respeitar este povo”, garantiu. E defendeu ainda que “os compromissos são difíceis” e, por isso, é “dessa garantia que o povo precisa” porque “o povo só irá votar se tiver confiança e só haverá confiança se houver entendimento”. E atirou: “Não há outro caminho”.
Numa reação a este convite, a líder do PAN, Inês Sousa Real, garante que o Bloco de Esquerda está a querer “lavar as mãos”. “Se o Bloco de Esquerda está de alguma forma a lavar a mão daquilo que foi a irresponsabilidade de termos uma crise política em cima de uma crise socioeconómica e sanitária sem precedentes, acho bem que o partido esteja finalmente disponível para dialogar se não o fez lá atrás”, disse aos jornalistas em Viseu.
Questionada sobre se também gostaria de ter uma reunião com António Costa a 31 de janeiro, a líder do PAN foi perentória: “Não gostaria de reunir nem no dia 31 de janeiro nem quando quer que seja, no sentido de uma agenda que estejamos aqui a planear”, disse, acrescentando que o partido “nunca se demitiu desse tipo de reuniões e conversações” e, por isso, não precisa “de “projetar para o futuro algo que temos feito no passado”.
O convite de Catarina Martins acontece, no entanto, num dia em que António Costa levantou a voz ao falar sobre a líder bloquista ao considerar que o Bloco de Esquerda deve pedir desculpa ao país. “Percebo que partidos que já em 2020 quiseram romper a unidade da esquerda precisem agora de arranjar um bode expiatório. Mas a única coisa que o Bloco de Esquerda tem a fazer é pedir desculpa por ter rompido com a unidade de esquerda em 2020”, disse António Costa.
E acrescentou: “Quando não havia ainda um único português vacinado, quando a pandemia estava mesmo no pico, o Bloco de Esquerda, em vez de se manter junto ao PS e ao PCP, rompeu e ficou sozinho a votar com a direita”, deixando ainda a garantia: “Não recebo lições da Catarina Martins”.