Existem cerca de 30.000 alunos de escolas públicas que não estão a ter as aulas todas, estima a FENPROF. De acordo com a associação sindical, os horários a concurso permitem fazer esta estimativa, sendo que, no privado o problema deverá ser semelhante.
"Sem ter em conta as situações de isolamento por Covid-19, que o Ministério da Educação continua a ocultar, e o que se passa nos colégios privados, onde o problema é escondido, ontem, 26 de janeiro de 2022, o número de horas em concurso de contratação de escola era de 5.802", lê-se num comunicado esta quinta-feira divulgado pela FENPROF.
Estas 5.802 horas distribuem-se por um total de 469 horários a concurso, estimando a FENPROF que sejam afetados pela falta de professores cerca de 30.000 alunos, considerando que "em média, cada 4 horas a concurso correspondem a uma turma sem professor e que estas, também em média, têm apenas 20 alunos".
A FENPROF explica ainda que estas contas "não incluem os casos de isolamento devido à covid-19", uma vez que o isolamento provocado pelo vírus acontece apenas por sete dias – cinco dias úteis -, pelo que as escolas têm de encontrar internamente uma solução de modo a substituir o docente ausente.
Por fim, a sociedade sindical alerta para o que se passa nos colégios privados, sublinhado que a falta de professores se tem agravado nos últimos anos: "É um problema que, em muitos, já atinge níveis superiores ao das escolas públicas. Isto acontece porque, em 2015, a associação de empregadores impôs a caducidade do Contrato Coletivo de Trabalho que mantinha com a FENPROF desde 1974 e, com o apoio dos sindicatos da UGT, aprovou um CCT que criou uma situação ainda mais negativa para os docentes do ensino particular e cooperativo (no salário, na carreira, nas condições de trabalho…) do que aquela que se vive no ensino público".
Para explicar a situação nas escolas públicas e a falta de professores nas escolas, o sindicato elenca fatores como: "a crescente falta de professores, problema desvalorizado por sucessivos governos; o envelhecimento dos profissionais docentes, com o número de aposentações a aumentar todos os anos e os elevados níveis de exaustão que atingem milhares de docentes".