Caso do bebé que morreu por falta de socorro médico deve ser “rapidamente investigado”, diz Ordem dos Médicos

O caso ocorreu na manhã desta quinta-feira. Os Bombeiros Voluntários de Portalegre receberam o alerta para um bebé de oito dias que estava com dificuldades respiratórias em Alagoa. A viatura do INEM não estava disponível e por isso foram os bombeiros que transportaram a criança para o hospital, onde foi declarado o óbito. 

A Ordem dos Médicos considerou, esta sexta-feira, que o caso da morte de um recém-nascido que teve de ser transportado para o Hospital de Portalegre pelos bombeiros por não haver disponível uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) "uma situação muito grave" e que merece ser "rapidamente investigada". 

No comunicado ao qual o Nascer do Sol teve acesso, a Ordem dos Médicos afirma que "já alertou, por diversas vezes, que a Emergência Médica Pré-Hospitalar representa uma área fulcral para o sucesso do nosso sistema de saúde e que qualquer disrupção no funcionamento deste sistema pode ter consequências negativas e imprevisíveis".

Portanto, "a morte deste bebé tem de ser investigada até às últimas consequências para que todas as possíveis falhas sejam rapidamente corrigidas e a confiança da população na resposta de emergência seja restabelecida", sublinha o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães. 

Segundo noticiou a revista Sábado, um bebé de oito dias morreu, esta quinta-feira, no hospital de Portalegre, "por falta de socorro médico". O pedido de socorro foi feito pelo pai da criança e os bombeiros foram acionados às 09h33, depois de o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) ter dito que a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) "do hospital de Portalegre não estava operacional".

A mesma fonte apurou, junto de fontes do CODU, que a VMER "não estava disponível às 20h00 desta quinta-feira por falta de médico para a tripular". A mesma informação também foi confirmada pelo comandante dos Bombeiros Voluntários de Portalegre, Pedro Bezerra, que afirmou que, numa situação destas, "o apoio médico teria decidido a situação".

Os bombeiros chegaram a fazer "manobras de reanimação cardiorrespiratória no local e até chegar ao hospital, mas não foram suficientes", indicou o comandante, acrescentando que desconhece o motivo da falha. 

Segundo Miguel Guimarães, a Ordem dos Médicos tem conhecimento de "vários buracos nas escalas das equipas médicas de suporte avançado de vida em várias zonas do país", ao assinalar que são estas equipas que integram as VMER e que devem ser acionadas para "situações mais delicadas, como a de Portalegre, pelo que nenhuma falha é admissível". 

Ainda na nota, a Ordem dos Médicos destaca que esta notícia surge uma semana depois de Miguel Guimarães "ter enviado um ofício ao presidente do INEM, precisamente pelas centenas de horas que as VMER estavam inoperacionais". 

O bastonário do Ordem dos Médicos "pediu as escalas de todo o país nos últimos seis meses e questionou o que está a ser feito para ultrapassar os constrangimentos que colocam em causa o socorro imediato a muitos portugueses. O ofício ainda não mereceu resposta, sendo que é crítico conhecer as escalas e cruzar esses mesmos dados com o número de casos em que o apoio das equipas das VMER era o mais adequado, mas que não foi acionado por falta de meios", aponta o comunicado.