Os parceiros sociais vão apresentar um caderno de encargos ao próximo Governo ainda esta semana. A garantia foi dada pelo presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) que aproveita ainda para pedir bom senso ao novo Executivo, considerando que esta legislatura deverá ser aproveitada para levar a cabo as reformas, consideradas “necessárias e urgentes”.
Numa entrevista ao i, o patrão dos patrões lamentou a falta de crescimento económico que se arrasta há 20 anos, defendendo que só mudando de estratégia e de políticas é que é possível mudar o rumo. Caso contrário, entende que corremos o risco de ficar na cauda da Europa. E lamentou que durante estes últimos anos nada tivesse mudado. De acordo com o responsável, é preciso “olhar para a política fiscal e torná-la mais previsível, mais atrativa”, acrescentando que “continuamos com uma carga fiscal muito elevada e muito imprevisível porque a cada Orçamento do Estado alteramos a sua composição, aumentando-a invariavelmente. Vamos inventando impostos indiretos que vêm carregar as empresas e os cidadãos”. E lembrou que é preciso apostar na desburocratização, uma vez que entende que “estamos completamente submersos por uma malha burocrática que nos asfixia”. E para isso, é preciso “ter uma administração pública mais eficiente e levar a cabo várias reformas: fiscal, administração pública, etc. Há um conjunto de aspetos que têm de ser olhados e, nem que seja por comparação com países da nossa dimensão, analisarmos aquilo que eles fizeram”, referiu.
António Saraiva também defende que seja dado um passo para um novo ciclo económico. Esta não é a primeira vez que o presidenta da CIP lembra que todos os diagnósticos já foram feitos e, como tal, no seu entender, “só falta fazer acontecer”, sob pena de ficarmos mais 10 anos com este cenário e aí “estamos 30 anos sem crescimento económico”.
A solução para António Saraiva passa por ter coragem e, acima de tudo, por existir vontade política. “O que temos vindo a assistir é a uma degradação dos agentes políticos”, ainda assim, admite que vamos assistindo a quem tem coragem “para fazer acontecer” e que esse papel é desenvolvido pelos empresários.