Foram ouvidos esta quarta-feira junto ao palácio do Governo da Guiné-Bissau tiros de bazuca e rajadas de metralhadora, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República e do primeiro-ministro guineenses.
De acordo com testemunhas contactadas pela agência Lusa, também perto do Palácio da Justiça está uma brigada de intervenção e vários militares e elementos das forças de segurança.
O incidente que hoje se deu na capital guineense junto ao palácio governamental decorre dias depois de uma remodelação do executivo, decidida pelo Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, que foi contestada inicialmente pelo partido liderado pelo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam. Posteriormente, o líder do Governo disse que concordava com a remodelação feita.
As relações entre o chefe de Estado e do executivo têm sido marcadas nos últimos meses por um clima de tensão, que se agravou nos últimos meses de 2021 devido ao avião Airbus Airbus A340, que o Governo mandou reter no aeroporto de Bissau, onde aterrou vindo da Gâmbia.
Alfredo Malu, o ex-secretário de Estado da Ordem Pública, foi um dos governantes afastados na remodelação e admitiu que a sua saída estava relacionada com a sua atuação no caso do avião retido no aeroporto de Bissau.
Em declarações aos jornalistas, o ex-secretário de Estado realçou que o Presidente da República considerou que foi da sua autoria a ordem de inspeção ao aparelho por parte de uma equipa de peritos norte-americanos.
O primeiro-ministro começou por dizer que o aparelho tinha entrado no país de forma ilegal e que trazia a bordo carga suspeita, mas dias depois afirmou, perante os deputados no parlamento, que uma peritagem internacional, por si solicitada, concluiu que não se tratava disso, mas sem mais detalhes.