Presidência russa confirma retirada de tropas e critica “histeria ocidental” sobre iminente invasão à Ucrânia

Pela manhã desta terça-feira, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou que algumas das unidades que tinham sido enviadas para próximo das fronteiras da Ucrânia vão regressar aos quartéis de origem por terem terminado os exercícios militares em que estiveram envolvidas.

A Presidência russa (Kremlin) já confirmou, esta terça-feira, o início da retirada de alguns militares que estavam junto às fronteiras da Ucrânia, ao denunciar a "histeria ocidental" sobre uma iminente invasão do país pela Rússia. 

"Sempre dissemos que após a conclusão dos exercícios, (…) as tropas regressariam às suas guarnições originais. Isto é o que está a acontecer, este é o processo habitual", afirmou o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, citado pela agência francesa AFP.

De acordo com Peskov, Moscovo fará outros "exercícios em toda a Rússia", uma vez que a presidência daquele país defende ter o direito de o fazer onde quer que considere apropriado dentro do seu território.

Dmitry Peskov ainda denunciou uma "campanha absolutamente sem precedentes para provocar tensões" da parte do Ocidente, sobretudo dos Estados Unidos da América (EUA), com os alertas sobre uma invasão iminente da Ucrânia pela Rússia. "Este é o tipo de histeria que não se baseia em nada", sublinhou o porta-voz do Kremlin.

Pela manhã desta terça-feira, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou que algumas das unidades que tinham sido enviadas para próximo das fronteiras da Ucrânia vão regressar aos quartéis de origem por terem terminado os exercícios militares em que estiveram envolvidas.

"As unidades dos Distritos Militares do Sul e do Oeste que cumpriram as suas tarefas já começaram a carregar pessoal e equipamento nos meios de transporte ferroviário e automóvel e começarão hoje a dirigir-se para as suas guarnições militares", informou o porta-voz do ministério, major-general Igor Konashenkov, citado pela agência russa TASS.

Este anúncio já começou a ser comentado nas redes sociais. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, recorreu ao Telegram para dizer que a "propaganda da guerra ocidental" foi hoje humilhada com a informação revelada pelo Ministério da Defesa.

Já o Ministério da Defesa, tutelado por Serguei Lavrov, afirmou que o dia "15 de fevereiro de 2022 ficará para a História como o dia em que a propaganda da guerra ocidental falhou. Humilhada e destruída sem um único tiro disparado". 

A retirada das tropas acontece no mesmo dia em que o chanceler alemão, Olaf Scholz, visita o Kremlin para conversar com o Presidente russo, Vladimir Putin, que tal como o Presidente francês, Emmanuel Macron, se recusou a realizar um teste PCR russo antes de entrar na reunião com Putin, preferindo fazê-lo na embaixada do seu país em Moscovo, e sob supervisão de uma médica alemã. De notar ainda que, antes de se deslocar a Moscovo, Scholz esteve reunido ontem com as autoridades ucranianas em Kiev. 

Na passada sexta-feira, os EUA alertaram que a Rússia podia atacar "a qualquer momento" e aconselharam os seus cidadãos a sair da Ucrânia, aviso esse que foi seguido por vários países, incluindo Portugal.

O Ocidente acusou a Rússia de ter concentrado mais de 100 mil tropas nas fronteiras da Ucrânia para invadir novamente o país vizinho, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.

A Rússia negou sempre o desejo de guerra, mas exigiu garantias para a sua segurança, incluindo uma promessa de que a Ucrânia nunca será membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Esta exigência foi rejeitada pelo Ocidente, que propôs em troca conversações sobre outros assuntos de segurança, como o controlo de armas ou visitas recíprocas a infraestruturas sensíveis.

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