NATO diz que Rússia continua a reforçar a presença militar nas fronteiras com a Ucrânia

Hoje a Rússia anunciou o fim das manobras militares e a partida de alguma força militar da península da Crimeia anexada da Ucrânia, onde a presença de tropas contribuiu para os receios de uma possível invasão à Ucrânia. No entanto, o bloco ocidental refere o contrário e afirma que não existem provas que confirmem a retiradas…

Apesar de o anúncio de Moscovo sobre o fim das manobras militares, a Rússia continua a reforçar a presença militar nas suas fronteiras com a Ucrânia, afirmou o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, esta quarta-feira, ao observar que "nesta fase" ainda não há sinais de recuo e de retirada de tropas. 

"Nesta fase, não assistimos a qualquer desescalada no terreno. Pelo contrário, parece que a Rússia continua a reforçar a sua presença militar", disse Jens Stoltenberg no início de uma reunião com os ministros da Defesa da Aliança em Bruxelas, onde o ministro da Defesa português, João Gomes Cravinho, está presente. 

"A Rússia ainda pode invadir a Ucrânia sem aviso prévio, as capacidades estão no lugar" com mais de 100 mil soldados, apontou o secretário-geral da NATO, citado pela agência francesa AFP.

Hoje a Rússia anunciou o fim das manobras militares e a partida de alguma força militar da península da Crimeia anexada da Ucrânia, onde a presença de tropas contribuiu para os receios de uma possível invasão à Ucrânia. Este processo terá começado ontem, uma vez que aquele país confirmou o regresso de algumas tropas aos quartéis de origem. 

Algumas dessas unidades estavam na península ucraniana da Crimeia, que a Rússia invadiu e anexou em 2014.

Para comprovar, a televisão russa tem imagens noturnas de um comboio que transportava blindados através da ponte sobre o Estreito de Kertsch, construído a grande custo pela Rússia para ligar a Crimeia ao território russo. Esse vídeo já foi partilhado nas redes sociais.

No entanto, o bloco ocidente afirma que ainda não existem provas em concreto que mostrem a retirada de forças. À entrada da reunião da NATO, o ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, referiu-se à falta de provas e disse que o Reino Unido irá julgar a Rússia pelas ações e não pelas palavras, notando que ainda se mantém a possibilidade de um ataque.

"De facto, assistimos a uma acumulação contínua de coisas como hospitais de campo e sistemas de armas estratégicas", apontou.

"Até vermos uma verdadeira desescalada, penso que todos devemos ser cautelosos sobre a direção que o Kremlin [Presidência russa] está a tomar", sublinhou Ben Wallace. 

Ainda hoje de manhã, antes de iniciar a reunião da NATO com os ministros de Defesa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, frisou hoje que a NATO não viu sinais de redução das tropas russas, ao indicar que o país está a enviar "mensagens contraditórias".

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