O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo admitiu na segunda-feira a possibilidade de o partido concorrer sozinho nas eleições europeias, para “fazer prova de vida” e “justificar a sua existência” nas urnas.
O eurodeputado foi questionado, durante uma entrevista à Antena 1, sobre a estratégia de alianças do partido no horizonte das próximas eleições para o Parlamento Europeu, dentro de dois anos, e adiantou que, “intuitivamente, a disponibilidade dos partidos tem de ser ir a votos sozinhos”.
“O CDS tem de fazer prova de vida”, declarou, argumentando que o partido deve “nas urnas justificar a sua existência”, até para “ter força” para dialogar com outras forças políticas, como o PSD, com o qual tradicionalmente se alia.
Nuno Melo disse ainda acreditar no CDS e na sua sobrevivência, mas reforçou que para isso, o partido tem de voltar a ter “capacidade de chamar os melhores quadros”, ter “ideias identitárias” e ser um “partido útil”.
O centrista salientou também que na atual composição da Assembleia da República, em que o CDS já não tem representação, há eleitorado que também deixou de estar refletido no hemiciclo, aqueles que se revêm numa “direita com coração”.
“Lutamos todos os dias por uma economia de mercado que esteja ao serviço das pessoas”, argumentou. Nesse sentido, achou “um exercício de honestidade” que a Iniciativa Liberal se queira sentar entre o PS e o PSD, considerando que, tal como no Parlamento Europeu, os liberais portugueses são de “centro-esquerda”.
Fez ainda críticas aos socialistas, considerando que o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, aproveitou “como poucos” a demonização do Chega na última campanha eleitoral. Melo manifestou-se contra qualquer ideia de cerca sanitária a partidos eleitos democraticamente.
“O PCP faz a festa do Avante com convidados da FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, extintas em 2016] e imagens da revolução bolchevique atrás? Viu algum cerco sanitário?”, questionou.
Apontou também a esquerda como o adversário político do CDS, sendo contra ela que quer concentrar o seu esforço. Já sobre o PSD, reconheceu-o como “um adversário político às vezes” e outras vezes “um parceiro preferencial”, apesar de lembrar que foi para os sociais-democratas que os centristas perderam câmaras.