Passam esta quarta-feira dois anos desde que foram confirmados os primeiros dois casos de covid-19 em Portugal. Para trás, tinha ficado a chegada dos portugueses repatriados de Wuhan e a avaliação de dezenas de casos suspeitos. Em 19 dias, o país passaria a barreira dos mil casos a 20 de março de 2020. Em quatro dias passaram a mais de 2 mil, num crescimento exponencial travado pelo primeiro confinamento – o primeiro estado de emergência foi decretado a 18 de março de 2020 e muitos já estavam em casa.
No final de 2020, sem os testes rápidos que se tornariam comuns e com a vacinação a dar os primeiros passos, contavam-se em Portugal 413 678 casos de covid-19 e 6 906 mortes, com a letalidade a rondar 1,6%, sendo superior a 14% nos maiores de 80. A barreira do milhão de testes num mês só seria ultrapassada em novembro de 2020. Seguir-se-ia nesse inverno a fase mais crítica da pandemia, com o disparar de infeções depois do Natal e Ano Novo e os meses de janeiro e fevereiro de 2021 a representar quase metade das 21 mil mortes atribuídas à covid-19 em Portugal nestes dois anos.
No final de fevereiro de 2021, tinham morrido em Portugal 16 317 pessoas com covid-19, mais do dobro face ao final de 2020. O país estava de novo confinado: as escolas do primeiro ciclo reabriram a 15 de março e as restrições foram sendo levantadas até maio.
Seguiu-se a vacinação, num ritmo que colocaria Portugal, depois do maior número de mortes por milhão de habitantes, na liderança mundial. A variante Delta no verão e depois a Omicron trouxeram um recorde de infeções, que fez os casos de covid-19 confirmados em Portugal duplicar em janeiro no espaço de um mês, passando agora os 3 milhões. A mortalidade subiu, mas foi inferior ao inverno passado, algo associado à proteção das vacinas e menor severidade da Omicron.
Fizeram-se mais de 7 milhões de testes em janeiro mas as estimativas da Universidade de Washington são de que apenas 25% das infeções terão sido diagnosticadas em Portugal no pico e que 70% da população já terá estado infetada alguma vez. Com a imunidade natural a somar-se à da vacina, prevê-se um abrandamento das infeções na primavera, numa altura em que os diagnósticos baixam. A segunda linhagem da Omicron, a BA.2, é agora dominante no país.