Numa população de 44 milhões de habitantes, mais de 500 mil terão deixado a Ucrânia nos últimos dias, a maioria mulheres e crianças. “Estamos a assistir ao que poderá ser a maior crise de refugiados na Europa neste século”, disse esta terça-feira Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
Ontem, ao sexto dia da invasão russa, a ONU contabilizava 677 mil refugiados da guerra. Cerca de metade fugiram para a Polónia, disse Grandi, com 90 mil a deslocarem-se para a Hungria, 60 mil para a Moldávia, 50 mil para a Eslováquia e 40 mil para a Roménia, as fronteiras consideradas seguras.
Para trás deixam horas, senão dias, de filas de trânsito para sair do país, com vários pontos da fronteira transformados em locais de acolhimento provisório e milhares de voluntários envolvidos no encaminhamento dos que fogem à guerra. Separam os que têm familiares com quem ficar de quem chega sem nada. No início desta semana, comissário esloveno para a gestão de riscos na UE estimou que o número de deslocados da Ucrânia poderá chegar aos sete milhões, no que antecipou como a maior crise humanitária no continente europeu em muitos anos.
Com governos europeus e a sociedade civil a mobilizar-se, ontem a plataforma de alojamento local Airbnb anunciou que vai garantir alojamento temporário a até 100 mil refugiados ucranianos e que irá trabalhar com as autoridades locais, indicando que financiarão as estadias através de um fundo de apoio aos refugiados. A empresa lançou entretanto uma página online onde anfitriões dos diferentes países podem disponibilizar as suas casas para acolher refugiados (airbnb.org/help-ukraine). Na mesma página é possível fazer a inscrição como novo anfitrião.
We Help Ukraine, o ‘airbnb’ com mão portuguesa No fim de semana fora já criada a plataforma www.wehelpukraine.org, para ligar pessoas a precisar de ajuda na Ucrânia, ou em fuga, com particulares e organizações que possam dar apoio em diferentes valências, uma ideia descrita como um espécie de ‘airbnb’ para facilitar a resposta à crise.
O Presidente da República elogiou ontem, numa mensagem em vídeo, a iniciativa lançada pelo consultor português Hugo de Sousa. “Os portugueses são assim. Sensibilizam-se por uma causa, mobilizam esforços, competências e vontades e lançam um projeto solidário que é nacional e global”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, apelando à mobilização “num momento decisivo da história da Europa e do mundo”.
Ao i, os responsáveis da We Help Ukraine adiantam que, em quatro dias, foram recebidos mais de 5 mil pedidos de ajuda e mais de 6 mil ofertas de ajuda, seja dinheiro, alojamento e voluntariado, por exemplo em explicações de português.