O eurodeputado do Bloco de Esquerda (BE) José Gusmão recorreu na quarta-feira ao Twitter para “repor a verdade” sobre os votos do partido no Parlamento Europeu (PE) relativamente à situação na Ucrânia, acusando jornalistas e os partidos de direita de “manipulação” e “desinformação”.
Numa série de tweets publicados na sua conta oficial, José Gusmão reiterou que na votação de terça-feira, 1 de março, os eurodeputados do BE votaram a favor da condenação à invasão russa e de reconhecimento da candidatura da Ucrânia à União Europeia, ao contrário do que foi noticiado por alguns meios de comunicação que escreveram que o BE se tinha abstido, como acusou.
Na origem da confusão, alega, está uma votação que decorreu há duas semanas, mais concretamente a 14 de fevereiro, ainda antes da invasão militar russa, relativa a um pacote de Apoio Macrofinanceiro de Emergência (MFA) à Ucrânia, no valor de 1,2 mil milhões de euros. José Gusmão e Marisa Matias, os dois representantes do BE no PE, abstiveram-se, juntamente com outros 41 parlamentares. Houve ainda 53 votos contra, entre os quais dois do PCP.
Quando questionado sobre o porquê de se ter abstido na votação deste pacote de apoio à Ucrânia, o eurodeputado respondeu: “O pacote de assistência financeira, que defendemos, vinha com a habitual condicionalidade à qual sempre nos opusemos. Por isso nos abstivemos.”
Depois das duas votações terem corrido as redes sociais e de os sentidos de voto do BE terem sido baralhados, José Gusmão escreveu que é assim que “se fazem notícias falsas”.
Em particular dirigiu-se diretamente a Ricardo Baptista Leite (PSD), André Ventura (CH), Nuno Melo (CDS) e Rui Rocha (IL), por apostarem “ativamente na descontextualização e na transmissão da ideia de que se trata da resposta do Bloco à guerra”.
À imprensa apontou o dedo diretamente à jornalista Joana Petiz pelo editorial publicado na edição de ontem do Diário de Notícias, acusando-a de veicular mentiras. “Já há algum tempo que vivemos na era da desinformação. Com uma guerra, a coisa fica pior. A combinação de campanhas desonestas, mau jornalismo e reprodução acrítica ou mal intencionada de fontes pouco fiáveis agrava tudo”, lê-se num dos tweets.
O editorial em causa já foi corrigido, mas o BE vai mesmo avançar com um direito de resposta. Na quarta-feira, o líder da bancada parlamentar do Bloco, Pedro Filipe Soares, anunciou que assinou o direito de resposta ao DN, “sobre o miserável e falso editorial”.