O ex-procurador Yoon Suk-yeol venceu as altamente renhidas eleições da Coreia do Sul, com 48,6% dos votos contra 47,8% do seu rival, Lee Jae-myung, com especialistas a falarem sobre uma possível viragem à direita na liderança deste país devido à postura conservadora do seu novo líder.
“Esta é uma vitória para as grandes pessoas da Coreia do Sul”, disse Yoon, enquanto os seus apoiantes entoavam o seu nome junto à Assembleia Nacional. Mais tarde, o novo Presidente prometeu honrar a constituição e parlamento da Coreia do Sul e trabalhar em conjunto com os partidos da oposição para sarar um país polarizado.
Apesar das promessas de união, Yoon sai triunfante de uma das eleições mais “sujas” de que os sul-coreanos têm memória, com acusações de corrupção e de vários escândalos.
Lee foi associado a um escândalo de corrupção multimilionário quando era presidente da Câmara de Seongnam, enquanto Yoon foi escrutinado pelo facto de a sua mulher, Kim Keon-hee, ter sido acusada no passado de aceitar subornos ou manipulação de ativos de ações.
Analistas afirmam ainda que nenhum dos candidatos apresentou uma estratégia clara sobre como enfrentará a ameaça da Coreia do Norte e das suas armas nucleares.
Yoon prometeu que irá lidar com as provocações norte-coreanas com severidade e procurará aumentar a cooperação de segurança trilateral com Washington e Tóquio, acrescentando que o reforço da aliança com os Estados Unidos será o centro de sua política externa, ao mesmo tempo em que adota uma posição mais assertiva em relação à China.
Após o último lançamento de um míssil balístico da Coreia do Norte, no sábado, Yoon acusou o líder norte-coreano Kim Jong Un de tentar influenciar os resultados das eleições sul-coreanas em favor de Lee. “Eu [ensinar-lhe-ia] boas maneiras a ele e o faria voltar a si completamente”, disse Yoon durante um comício perto de Seul.
Existe também algum ceticismo em relação a como ambos os políticos se comprometeram a lidar com as relações internacionais, nomeadamente com rivalidade EUA-China ou com a crescente desigualdade económica e os preços descontrolados dos imóveis.
Yoon aproveitou este sentimento de frustração, capitalizando o “sentimento de revolta pública com o aumento dos preços das casas em Seul, a desigualdade de renda e o desemprego entre os jovens”, escreve o Guardian, que menciona que, durante a sua campanha, o novo Presidente da Coreia do Sul prometeu abordar os problemas económicos crescentes com uma dose de conservadorismo fiscal, incluindo um corte no salário mínimo e na eliminação dos limites de jornada de trabalho.
O que representam para Yoon “grandes pessoas da Coreia do Sul” também deixa alguma margem para dúvidas com o novo Presidente a declarar-se “antifeminista”, tendo prometido abolir o Ministério para a Igualdade de Género, alegando que as mulheres sul-coreanas não sofrem discriminação sistémica, mesmo que existam inúmeras provas que provem o contrário.
No ano passado, Yoon tinha sugerido que a redução da taxa de natalidade na Coreia do Sul era por culpa das mulheres, responsáveis por criar uma rutura com os homens.
O novo chefe de Estado foi procurador-geral do ex-Presidente Moon Jae-in, que chegou ao poder depois de ser eleito em 2017 na sequência de um impeachment à conservadora Park Geun-hye, que acabou destituída do cargo após envolvimento num enorme escândalo de corrupção.
Yoon acabou por renunciar a este cargo e juntou-se à oposição em 2021, na sequência de desacordos internos sobre investigações a aliados do presidente cessante, embora tenha sido acusado de procurar afirmar-se politicamente.
Os críticos de Yoon, que deverá tomar posse em maio, para cumprir o mandato único de cinco anos como líder da 10.ª maior economia do mundo, apontam a sua falta de experiência partidária, na política externa e em outros assuntos importantes do Estado.
De forma a contrariar os seus opositores, Yoon respondeu e explicou durante a campanha que irá delegar a funcionários experientes os assuntos de Estado que exigem experiência.
As eleições ocorreram numa fase em que a Coreia do Sul enfrenta um surto de covid-19, impulsionado pela variante Ómicron. As autoridades de saúde registaram esta quarta-feira 342.446 novos casos do coronavírus, um novo máximo.