A Assembleia Municipal de Oeiras aprovou, por unanimidade, votos de condenação à invasão da Ucrânia pela Rússia, de pesar pelas vítimas da guerra e de solidariedade com o povo ucraniano – ou seja, também com os votos a favor do PCP.
Uma atitude que destoa da linha da direção do partido, que, até agora, nunca expressou uma clara condenação da invasão russa, culpando sim a NATO, os EUA e a UE por terem criado as condições para justificar a atuação do regime de Putin, como que se estivesse a defender do Ocidente.
Na sessão plenária, foram aprovadas duas moções «pela paz», uma do INOV que «condena veementemente a utilização da força como forma de solucionar conflitos» e «denuncia o desencadeamento, por parte da Federação Russa, da intervenção militar contra a Ucrânia», e outra do PSD, que também condena a «agressão bárbara e imoral» perpetrada pela Rússia.
Com votos a favor de todos os deputados da assembleia, foi também aprovada uma «moção de repúdio contra a invasão da Ucrânia pela Federação Russa», apresentada pelo grupo municipal do PS que, além de condenar tal ato, afirma a «total solidariedade com a luta e resistência dos ucranianos na defesa da sua terra, do seu país e do seu povo».
Com igual votação, os deputados viabilizaram ainda um voto de pesar do PAN «por todas as vítimas da guerra», que repudia os «atos hostis e bélicos da Rússia para com o povo da Ucrânia».
Nas duas últimas semanas, desde que rebentou a ofensiva russa em território ucraniano, em várias instâncias, quer no plano municipal, nacional, ou europeu, o PCP tem mantido a sua atitude de intransigência no que se refere a condenar a invasão da Ucrânia pelas tropas russas, em contramão com as posições expressadas pelos restantes partidos.
Na Assembleia Municipal de Lisboa, os comunistas votaram até contra moções sobre o acolhimento de refugiados ucranianos em Portugal.
Só em raras exceções de autarquias governadas pela CDU é que foram subscritas moções de censura, em que figura o léxico «invasão», «agressão militar», «ocupação» ou «anexação», palavras omitidas nos discursos do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que se apoia no termo «intervenção» e se queixa desta guerra ter servido de «pretexto para uma nova campanha anticomunista».