A Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens alertou para a possibilidade de refugiados ucranianos poderem ser raptadas e a importância de evitar “falsos resgates” para redes de tráfico humano.
Numa sessão convocada pela vereadora dos direitos humanos e sociais, Laurinda Alves – e que contou com a presença da Presidente desta Organização e da Assembleia Municipal de Lisboa, Rosário Farmhouse e da representante do Alto Comissariado para os Migrantes, Marlene Jordão – foi alertado para o perigo das redes de tráfego humano de pessoas que dizem querer ajudar crianças e pessoas em campos de refugiados, quando apenas pretendem aproveitar-se delas.
“Sabemos que existem muitos falsos resgates feitos por pessoas que tem ar de quererem fazer o bem e tirar outros de campos de refugiados instantâneos, mas são pessoas ligadas a redes de tráfego humano completamente perversas”, alertou Laurinda Alves, deixando o contacto de linhas SOS para o apoio a crianças.
O rapto de refugiados tem sido uma questão que tem preocupado autoridades de todo o mundo. Foi reportado por polícias e ativistas que recebiam refugiados na estação central de Berlim, ouvidos pela Deutsche Welle, que estas pessoas relatavam episódios de homens que convidavam mulheres para “lhes darem boleia”, aproveitando o caos que se desenrolava na chegada a esta estação.
“Uma mulher, a quem isto lhe aconteceu veio ter connosco”, disse o porta-voz da polícia federal ao meio de comunicação alemão, relatando que um homem solitário estava tentando atraí-la para ir com ele, prometendo ajuda.
“Tivemos que retirar o homem da estação. Atualmente, temos um grande número de pessoas que querem ajudar e que tem intenções honestas, mas, por outro lado, existem várias pessoas que querem usar essa situação para os seus próprios propósitos e benefícios”, afirmou o porta-voz, acrescentando ainda que, felizmente, as pessoas com más intenções chamam imediatamente à atenção das autoridades e dos voluntários.
E acrescentou que o número de casos de assédio estava apenas nos “dois dígitos mais baixos” e não havia evidências de que crimes de agressão sexual, sequestro ou tráfico de pessoas realmente tivessem ocorrido.
Segundo as autoridades, apesar de já terem acontecido crimes de assédio neste espaço, clarificam que os números são “dois dígitos baixos” e, até ao momento, não existem provas de que nenhuma mulher foi alvo de tráfico humano tanto na estação de Berlim como em nenhuma grande “entrada” das cidades que estão a acolher refugiados. No entanto, os voluntários confessaram que, no caso de observarem alguma suspeita deste tipo de casos, devem seguir os suspeitos traficantes até as mulheres estarem numa posição segura.
“Seria melhor se aqueles que acolhem uma mulher ou família ucraniana tivessem de se registar numa plataforma”, disse Monika Cissek-Evans à Deutsche Welle. No caso de Portugal, essa plataforma já existe – PortugalforUkraine.gov.pt – alojada no portal oficial do Governo, utilizada para o registo de casos de menores ucranianos não acompanhados em Portugal ou em trânsito e para o levantamento de disponibilidades de acolhimento temporário, assim como para a identificação de ações voluntárias de transporte para território nacional.
“Infelizmente, algumas pessoas tentam explorar outras”, referiu a voluntária, mencionado que “não são apenas os homens que abordam os refugiados”, garantindo ainda que “as mulheres também não devem ser alvo de uma confiança cega”.
E acrescentou: “Todos os dias, 1,2 milhões de homens solicitam os serviços de prostitutas na Alemanha”, disse a ativista para os direitos das trabalhadoras sexuais, Huschke Mau. “A Alemanha é o país de destino número um para o tráfico de humanos em toda a União Europeia”, acrescentando que traficantes e proxenetas “sabem que os refugiados podem lhes trazer muito dinheiro”.
Rapto de Presidentes da Câmara Mas os problemas não ficam por aqui. Nos últimos dias, vários Presidentes de Câmaras da Ucrânia foram raptados pelas forças armadas russas, nomeadamente, os líderes das cidades de Melitopol e Dniprorudne.
Segundo o Parlamento da Ucrânia, o autarca de Melitopol, Ivan Fedorov, foi detido, na passada sexta-feira, quando estava no centro de crise da cidade a tentar tratar de problemas de abastecimento.
E enquanto o paradeiro do Presidente da Câmara Ivan Fedorov permanece desconhecido, cerca de dois mil residentes da cidade saíram às ruas no sábado para pedir a sua libertação, contudo, em vão, com as tropas russas a nomearam um novo autarca da cidade ocupada.
Numa outra mensagem publicada no domingo, no Twitter, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba acrescentou que “criminosos de guerra russos sequestraram outro presidente democraticamente eleito” na cidade ucraniana de Dniprorudne, Yevhen Matveyev.
“A 11 de março, o presidente de Melitopol, Ivan Fedorov, foi sequestrado. Os moradores fazem protestos exigindo sua libertação. Apelo aos estados e organizações internacionais para que parem com o terror russo contra a Ucrânia e a democracia”, escreveu Kuleba.