Por Maria Moreira Rato e Marta F. Reis
Depois de ter sido noticiado que o Governo Regional dos Açores está a preparar vários cenários para o caso de se agravar a crise sismovulcânica na ilha de São Jorge, como a opção de retirar pessoas da ilha, o arquipélago registou – entre as 00h e as 18h desta quinta-feira – 13 sismos cuja magnitude se manteve entre 1,6 e 3,2 (Richter), de acordo com o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
À hora de fecho desta edição, o mais recente havia sido registado às 17h39 na localidade de Urzelina, em São Jorge, com uma magnitude de 2,3. Por outro lado, o mais intenso tinha sido verificado às 7h39 na localidade de Velas, também em São Jorge, tendo atingiu magnitude de 3,2. Desde o início das ocorrências, “o sismo mais energético” registou-se “no dia 19 de março, às 18:41 (hora local = UTC-1) e teve magnitude 3,3 (Richter)”, apontou o CIVISA.
Isabel Tavares Mendes, natural do continente e a viver há sete em Velas, explicou ontem ao i, por telefone, que dorme pouco desde sábado, quando sentiu o primeiro abalo às 16h21.
“É muita ansiedade, sinto-me quase num trabalho de parto”, disse a funcionária do snack-bar Livramento ‘O 30’, em frente aos bombeiros de Velas. As movimentações e sucessivas reuniões indiciavam o estado de alerta que se instalou na vila.
A importância das medidas de autoproteção “A informação que temos é que se tocarem os sinos nos devemos dirigir para os pontos de encontro”, avançou Isabel Tavares Mendes.
Também durante o dia de ontem, o Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, adiantou, à chegada à ilha de São Jorge, que mais vale haver “excesso de prudência” que negligência na ação. “Quero deixar uma palavra de satisfação e congratulação à população”, declarou aos jornalistas.
“Apesar dos eventos não terem sido ainda dramáticos no sentido de provocar danos, é bom estarmos vigilantes e, neste caso, antes com excesso de prudência do que com negligência na ação”, prosseguiu, deixando “gratidão e reconhecimento” a todos que têm trabalhado no sentido da prevenção, como as autarquias de Velas e Calheta e a Proteção Civil.
Já há cinco dias, por meio do Comunicado Sismológico 13/2022, o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores recomendou que fossem tomadas as seguintes medidas de autoproteção: manter a calma e contar com a ocorrência de possíveis réplicas; não acender fósforos nem isqueiros, pois pode haver fugas de gás; observar se a sua casa sofreu danos graves e sair imediatamente se suspeitar que não oferece condições de segurança; em caso de dúvida da integridade dos circuitos de gás, eletricidade ou água, desligá-los imediatamente; nunca utilizar os elevadores.
A lista prevê ainda as restantes medidas: confirmar a validade do Kit de emergência e rever o conteúdo do mesmo com o agregado familiar; verificar se existem feridos e, se necessário, prestar os primeiros socorros; ter cuidado com vidros partidos ou cabos de eletricidade; evitar ferimentos protegendo-se com vestuário adequado; limpar imediatamente os produtos inflamáveis que se tenham derramado; se possível, soltar os animais domésticos, pois eles cuidam de si próprios; afastar-se das praias porque pode ocorrer uma onda gigante (tsunami); ligar o rádio, ficando atento às recomendações difundidas e não contribuir para a divulgação de boatos; seguir sempre as recomendações dos agentes das autoridades presentes, eles estão nos locais para o ajudar e, por fim, assim que oportuno, verificar a validade dos seguros da sua casa e viatura, certificando-se que têm cobertura para fenómenos sísmicos.