A Direção Geral da Saúde voltou a publicar nos últimos três dias dados diários sobre a evolução do número de diagnósticos e mortes associadas à covid-19, mas o acerto no site e nas publicações que passaram a ser semanais no início do mês ainda está em curso. Questionada pelo i, fonte oficial negou que tenha sido uma resposta a críticas sobre a qualidade dos relatórios, dizendo tratar-se de um ajuste no site que já estava previsto. A nova informação diária mantém-se no entanto com menos detalhe face à que passou a ser revelada semanalmente, não discriminando também a idade dos doentes diagnosticados e evolução de internamentos. Confirma no entanto o que i avançou: continuam a ser diagnosticados diariamente mais de 10 mil casos de covid–19, esta segunda-feira com 22 óbitos associados à covid-19, com o país mais longe da meta definida para o levantamento de restrições como o uso de máscaras no interior. Chegou a estar previsto para o início de abril mas, segundo o critério adotado pelo Governo, implica registarem-se menos de 15 mortes diárias associadas à covid-19 durante duas semanas.
Os relatórios da Direção Geral da Saúde passaram a ser semanais numa altura em que os diagnósticos estavam de novo a subir e volta agora a haver dados diários num momento em que o balanço da DGS da semana passada sugeria uma diminuição das infeções na população mais jovem, mantendo-se uma tendência crescente na população mais velha.
Algo que se tem refletido no aumento da mortalidade associada à doença, com o país a viver também uma epidemia de gripe, essa sim com um efeito mais notório na procura às urgências, com as infeções respiratórias a representarem mais de 10%_das admissões.
É a primeira vez em dois anos que o país regista uma epidemia de gripe, depois das medidas de controlo da covid-19 terem diminuído a circulação de outros vírus, com a agravante de estarem a circular vírus influenza do tipo A que não coincidem exatamente com os que foram usados nas vacinas.
O Hospital de São João, no Porto, revelou ontem que esta segunda-feira foi mais uma vez registada o maior pico de procura às urgências desde 2009, o que tem preocupado as equipas por uma parte significativa dos doentes continuarem a ser situações em que uma ida às urgências seria evitável.
Os tempos de espera nas urgências para doentes graves têm estado acima do recomendável em vários hospitais, sem sinais de melhoria: ontem no Hospital de Santa Maria, que acolhe doentes urgentes de toda a periferia de Lisboa quando os serviços ficam congestionados, o que acontece regularmente no Hospital Beatriz Ângelo em Loures e no Amadora-Sintra, registava mais de cinco horas de espera para doentes urgentes, triados com a pulseira amarela, que devem ser atendidos numa hora de acordo com a triagem de Manchester. No Hospital Garcia de Orta, em Almada, havia mais de quatro horas de espera para doentes urgentes. No São João, esse valor era de quase três horas.