Realiza-se, neste fim de semana, o 29.º Congresso do CDS-PP em Guimarães, e as hostes centristas estão ao rubro, esperando-se a reunião de mais de mil militantes do partido que perdeu a representação parlamentar nas legislativas de 30 de janeiro. Quatro militantes do partido estão na corrida pelo lugar máximo da direção, mas só um poderá ocupar o espaço deixado vago por Francisco Rodrigues dos Santos, que deixou o partido após as legislativas.
Nuno Melo, eurodeputado centrista e desde há muito crítico da direção do agora ex-presidente Francisco Rodrigues dos Santos, é um desses quatro candidatos à liderança do partido, e tem somado apoios ao longo das últimas semanas. Um dos quais foi revelado na sexta-feira: Assunção Cristas, antiga presidente centrista, vai estar ao lado do eurodeputado, por considerar que este é quem «está em melhores condições para ajudar a fazer renascer» o partido, «num momento tão difícil».
«É com sentido de gratidão que vejo o Nuno Melo avançar para a liderança do CDS. Contei com o Nuno como meu vice-presidente e conheço a sua combatividade e qualidades humanas e políticas», salienta Assunção Cristas, numa publicação nas redes sociais onde realça também as qualidades do candidato centrista, entre elas «a sua combatividade e qualidades humanas e políticas». A concluir a mensagem, a antiga presidente centrista deseja «que o congresso corra muito bem e seja um momento de união e afirmação».
Os apoios a Nuno Melo são vários, juntando-se a Assunção Cristas o líder da Juventude Popular, Francisco Camacho. Ao Público, o líder da ‘jota’ centrista disse que «o CDS só sai mais forte se conseguir escolher o melhor entre os que se perfilam à liderança». «Nuno Melo é o único que tem palco de projeção nacional, é a cara mais conhecida e com notoriedade, tem ideias e massa crítica, tem quadros e militância», afirmou Camacho, aspirando a um «congresso de convergência e de reconstrução do partido» em Guimarães.
Nuno Melo tem em mente a preparação para as europeias de 2024 e o regresso à Assembleia da República em 2026, tal como o próprio afirma ao Nascer do SOL em entrevista publicada nesta edição (ver páginas 12-16), mas primeiro terá de conquistar o lugar de presidente do partido no Congresso deste fim-de-semana.
Os outros candidatos
Não só de Nuno Melo, no entanto, se faz a corrida ao lugar da presidência do CDS-PP.
Nuno Correia da Silva, antigo membro da direção de Manuel Monteiro e membro da Comissão Política Nacional ligado nos últimos anos à Holdimo do empresário luso-angolano Álvaro Sobrinho, o dirigente nacional (e eterno candidato) Miguel Mattos Chaves e o militante Bruno Filipe Costa são os concorrentes de Nuno Melo ao lugar deixado vago por Francisco Rodrigues dos Santos. Sendo que Bruno Filipe Costa, recentemente, disse estar aberto a entendimentos com outras candidaturas… menos com a de Nuno Melo.
Filipe Costa, em entrevista à Lusa, reforçou estar «aberto sempre para aquilo que for o melhor para o partido». Nessa abertura há, no entanto, uma ressalva. «Não me revejo naquilo que o doutor Nuno Melo propõe para o partido, não me revejo na equipa que o doutor Nuno Melo escolheu para esse caminho e portanto não estou disponível para esse entendimento com o doutor Nuno Melo», esclareceu. Filipe Costa disse, aliás, estar mais perto de um outro candidato: Nuno Correia da Silva, até por «uma questão ideológica».
«Neste congresso o entendimento terá que ser global» para alcançar «uma posição que efetivamente possa ser uma posição vencedora», avançou o centrista, sem, no entanto, assumir que esta seja uma ‘aliança’ contra Nuno Melo.
Moções sobre a mesa
Além das moções dos candidatos, há mais seis moções políticas sobre a mesa deste Congresso (são 10 ao todo), todas com um objetivo comum: salvar o CDS-PP.
Por um lado, há quem queira conciliar no partido do Largo do Caldas os seus militantes conservadores, liberais e democratas-cristãos. Por outro lado, e indo beber ao conservadorismo britânico, há quem queira fazer do CDS-PP uma força conservadora. Finalmente, há ainda aqueles que se baseiam única e exclusivamente na doutrina da democracia-cristã, e que querem ver o partido seguir esse rumo que consideram fiel à matriz dos seus fundadores, com Freitas do Amaral e Adelino Amaro da Costa à cabeça.