Nuno Melo: “Quero dar ao CDS o retorno por tanto que o CDS me deu”

Nuno Melo afirma que o CDS vai voltar a ser “a melhor oposição ao PS e às esquerdas, tendo exacta noção das dificuldades políticas nascidas” com o “varrimento do universo parlamentar”. 

O 29º Congresso do CDS-PP está a decorrer este sábado, no Pavilhão Multiusos de Guimarães, e Nuno Melo, candidato à liderança dos democratas-cristãos, afirmou que "é tempo de salvar" o partido e que este irá "dar volta aos momentos tão difíceis do presente". Para isso, diz, "terá de o fazer a falar do futuro e para fora e não do passado e para dentro".

"Terá de o fazer a combater o PS e as esquerdas e não a combater entre nós, desperdiçado  em  ajustes de contas com o passado, num sacrifício  autofágico que não me interessa nada.  Não responderei a um único apoucamento, não farei caso de nenhuma provocação, venha, de onde venha. Quero construir pontes, não pretendo escavar trincheiras", diz Nuno Melo, que foi aplaudido no exterior do pavilhão. 

O candidato disse sentir uma "obrigação de dar um passo em frente no momento mais difícil" dos 47 anos de história do partido. "Quero dar ao CDS o retorno por tanto que o CDS me deu, do mesmo modo que dei sempre tudo o que tinha, ao CDS. O CDS confunde-se com a minha vida", frisou. 

 Assim, continua, o partido terá "uma única oportunidade para mostrar a Portugal" que aprendeu "com os errros do passado e que o CDS será, "de novo", mercedor "da confiança dos eleitores". 

"Dos partidos, os portugueses querem respostas para os seus problemas, não querem vendetas pessoais. Saberei estar à altura desse exemplo e dessa responsabilidade. Quero reconciliar o CDS com todo o seu passado. E quero que Portugal o perceba", justifica. "Sei como 15 dias depois da hecatombe eleitoral a primeira sondagem, na hipótese do CDS me ter como presidente, nos quadruplicou as intenções de voto para 5,3%, num intervalo que já vai até 7,1%  e nos tem à frente do Chega, do BE, da CDU, do PAN e do Livre."

"Quero dar ao meu partido o retorno por tanto que o CDS me deu, como dei sempre tudo ao CDS. Não receberei um cêntimo de vencimento e se isso ajudar a salvar mais um emprego que seja no largo do  Caldas, só por isso já terá valido a pena. E faço-o acreditando profundamente que o CDS tem futuro. Aliás, está sala cheia de crença é a primeira prova  de que o CDS tem futuro, porque está vivo", continua o candidato. 
 
 Agora que o partido não está sentado na Assembleia da República, o "maior activo" são os governantes regionais, os  autarcas, das assembleias de freguesia às presidências de câmara e assembleias municipais, frisa Nuno Melo. "Aproveitá-los e potencia-los, beneficiar do seu trabalho e exemplo será crucial. Reativaremos a nossa associação nacional de autarcas como instrumento decisivo. E pretendo que o seu presidente tome assento nos órgãos do partido", diz. 

O candidato deixou também uma palavra para António Pires de Lima, para o Adolfo Mesquita Nunes, para o Francisco Mendes da Silva, para o João Condeixa e outros: "O vosso lugar é cá , e esta uma casa a que gostaria um dia quisessem voltar. Farei tudo por isso."

Deste modo, Nuno Melo afirma que o CDS vai voltar a ser "a melhor oposição ao PS e às esquerdas, tendo exacta noção das dificuldades políticas nascidas" com o que chama de "varrimento do universo parlamentar".

"Quero resgatar para o CDS ideias identitárias de sempre, que outros hoje tratam como suas, porque aqui começaram a notar-se menos.Voltaremos a ser a voz dos professores, dos contribuintes, dos pensionistas, das forças de segurança, dos ex combatentes, dos agricultores, do mar como sector estratégico. Mas também estarmos na primeira linha das “novas agendas”, que estão no epicentro das decisões europeias, casos da sustentabilidade, da energia, da economia verde, ou da transição digital", aponta. 

"(…) os estudos sociológicos mostram que o CDS perdeu votos principalmente entre os jovens e entre as mulheres. E a isto não ficaremos indiferentes. Insisto. Sabemos ler os sinais", diz Nuno Melo, que quer apostar num CDS renovado: "Quero juntar aos melhores com que já contamos, novas apostas, de gente mais nova e mais velha, homens e mulheres. E podem ter a certeza de uma coisa. Quero muito mais mulheres em lugares de destaque dos órgãos do partido, não por causa de quotas, mas porque é justo. Um partido tem de ser um espelho da sociedade e um partido que não dê oportunidades às mulheres, não é um espelho da sociedade". 

Nuno Melo afirma que existem "muitas Cecilias Meireles" dentro do CDS, "para referir uma das melhores", frisa. "Determinante é dar-lhes uma oportunidade, e cresceremos todos e muito por causa disso".