O embaixador russo em Paris, Alexei Meshkov, foi convocado, esta quinta-feira, novamente pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, após um comentário “indecente” na página oficial da representação diplomática no Twitter sobre os abusos infligidos na cidade ucraniana de Bucha.
“Diante da indecência e da provocação da comunicação da Embaixada da Rússia em França sobre os abusos de Bucha, decidi convocar ao Quai d’Orsay esta manhã o embaixador russo [Alexei Meshkov]”, confirmou Jean-Yves Le Drian.
Esta visita deve-se a uma fotografia partilhada naquela rede social pela embaixada russa, já apagada, com a seguinte descrição: cenário de filmagens na cidade de Bucha. A imagem mostrava uma multidão de jornalistas no que parece ser uma rua naquela cidade, insinuando que os massacres cometidos a milhares de civis foram uma encenação.
Segundo a Procuradora-Geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, foram encontrados restos mortais de 410 civis em Bucha e noutros territórios perto de Kiev. Moscovo nega a responsabilidade pela morte dos civis em Bucha, sendo que, segundo o Kremlin e o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, não passa de provas falsificadas e montagens produzidas pelos ucranianos para a imprensa.
Nas palavras da porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, os meios de comunicação ocidentais são “cúmplices” nesta “falsificação” levada a cabo pelos ucranianos, acusando-os de executar os seus civis nesta cidade ou de transportar esses corpos para fins de encenação.
L'ambassade de Russie en France fidèle à sa ligne (et à son style). Et la réponse du gouvernement. pic.twitter.com/oM33I9jaQB
— Nicolas Berrod (@nicolasberrod) April 6, 2022
No dia 25 de março, o embaixador russo foi convocado ao Quai d’Orsay para ser chamado a atenção depois da publicação de um cartoon contra a Europa na conta da embaixada no Twitter.
No cartoon, também eliminado naquele dia – em que cujo decorreram as cimeiras da NATO e do G7 -, vê-se uma pessoa deitada numa maca, cheia de marcas de injeções nas costas e com o nome da Europa escrito. Esta está acompanhada por outras duas pessoas, representadas como os Estados Unidos e a União Europeia, com seringas nas mãos, estando a injetar mais 'líquidos' na 'Europa'.
As injeções têm inscritas as palavras: russofobia, neonazismo – ambas nas mãos dos 'EUA' – e sanções – na mão da 'UE'. Ao lado e por debaixo do corpo, também estão umas injeções vazias, que estão a pingar ainda outros 'líquidos': covid-19, NATO e cultura do cancelamento.
Tal como em muitas outras capitais europeias, França também anunciou na passada segunda-feira a expulsão de diplomatas russos – 35 -, cujas atividades são consideradas “contrárias aos interesses” do país.
Ontem o governo português decidiu expulsar dez funcionários da embaixada russa em Portugal, uma vez que estes estavam a desenvolver atividades contraditórias à segurança nacional.