Nuno Melo conseguiu o pleno e foi eleito no berço da nação com uma maioria expressiva. Aos 56 anos, é o presidente com a tarefa mais difícil em toda a história do CDS-PP: fazer regressar o partido ao Parlamento. E quer que as hostes acreditem que isso é possível em 2024.
No seu primeiro discurso, após ter sido eleito no congresso em Guimarães, no passado domingo, com 74,93% dos votos e de ter obtido dois terços dos lugares no Conselho Nacional, deixou um apelo aos militantes para «não deprimirem», vendo na hipótese de o primeiro-ministro ter já «o coração em Bruxelas» um trunfo para o CDS.
«Se tivermos eleições legislativas antecipadas o CDS estará preparado e será nesse dia que voltará à Assembleia da República», declarou.
Até lá, quer uma «oposição mais eficaz, para que amanhã os portugueses tenham uma alternativa». O plano já traçado tem como palco o Parlamento Europeu, com a sua reeleição nas europeias de 2024, e o reforço da votação nas regionais da Madeira, no próximo ano.
«Tenho uma profunda crença que devolveremos o CDS ao lugar que merece. As pontes foram criadas, o nosso pensamento está no futuro e para fora. Hoje na oposição ao PS, amanhã na disputa pelo Governo, é para isso que nascemos enquanto partido», frisou.
Enquadrando o espaço natural do CDS no «humanismo personalista» que disse estar em falta entre o PSD e o Chega, projetou que será nesse espaço que se quererá sentar quando voltar ao Parlamento.
«Há uma parte da sociedade que não está lá [na Assembleia da República], somos nós», referiu.
Ao lado de Nuno Melo,o antigo líder Paulo Portas abriu uma exceção para comparecer no congresso e votar nos órgãos nacionais, algo inédito desde que deixou a presidência do partido, em 2016. E justificou: «Nunca o tinha feito antes por imparcialidade, mas achei que eram circunstâncias absolutamente excecionais e queria dar um sinal, com o meu voto, de confiança e admiração pela coragem e determinação que o Nuno Melo revelou, candidatando-se a líder do CDS em circunstâncias tão hostis e adversas».
Com uma maioria muito confortável na votação da moção de estratégia (73% dos votos), o famalicense quis dar um sinal de alguma renovação, com algumas caras novas nos órgãos nacionais, sem deixar de incluir alguns nomes fortes da ala portista.
Para a comissão política nacional, o novo líder escolheu para vice-presidentes Telmo Correia, Álvaro Castello Branco e Paulo Núncio. A liderar o conselho nacional, Nuno Magalhães e João Rebelo e à mesa Luís Pedro Mota Soares e José Bourbon Ribeiro.