A passada relação entre a Alemanha e a Rússia são uma pedra no sapato para que agora o governo alemão possa ajudar de perto a Ucrânia. Frank-Walter Steinmeier, Presidente da Alemanha, disse, numa visita oficial a Varsóvia, que “aparentemente” não era bem-vindo a Kiev e por isso a sua ida ao país poderá não acontecer.
O chefe do Estado alemão revelou, esta terça-feira, que o seu homólogo polaco, Andrzej Duda, sugeriu que ambos viajassem à Ucrânia, juntamente com os Presidentes da Lituânia, Letónia e Estónia, para demonstrar apoio ao país está sob um conflito militar com a Rússia, no entanto "aparentemente não era pretendido em Kyiv".
A afirmação de Frank-Walter Steinmeier surge após o jornal alemão Bild ter referenciado um diplomata ucraniano, cuja identidade é desconhecida, que disse que, por agora, o Presidente alemão não era bem-vindo a Kiev por ter mantido relações próximas com a Rússia no passado.
Ainda na semana passada, Frank-Walter Steinmeier admitiu erros que cometeu politicamente em relação à Rússia, nomeadamente quando assumiu a pasta dos Negócios Estrangeiros.
O agora chefe de Estado alemão esteve por duas vezes a cargo da pasta da diplomacia nos mandatos da ex-chanceler Angela Merkel, mais recentemente entre 2013 e 2017, e antes foi o chefe de gabinete do ex-chanceler Gerhard Schroeder.
Nessa altura, a Alemanha manteve um intenso diálogo com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e promoveu fortes relações na área da energia, que convergiram, por exemplo, na construção do Nord Stream 2, que está agora em suspenso desde o início do conflito militar.
No entanto, Steinmeier admitiu que não imagina "um regresso ao normal" com uma Rússia liderada por Putin.
"Não pode haver um regresso ao normal com a Rússia de Putin", assinalou o Presidente alemão, numa conferência de imprensa hoje na Polónia, referindo-se também à necessidade de aceitar o preço que esta guerra traz por consequência aos países democráticos.
"Esta guerra exigirá o nosso apoio, a nossa capacidade de nos defendermos, a nossa disposição em suportar os custos ainda durante muito tempo", notou, ao denunciar ainda “os crimes de guerra russos” cometidos na Ucrânia.
Para Steinmeier, “esses crimes devem ser documentados e esclarecidos. Os autores, os politicamente responsáveis, devem responder", vincou.
"Esta barbárie a que assistimos diariamente, esta barbárie tem de terminar", sublinhou, ao apelar a Moscovo que facilite a retirada humanitária dos habitantes da cidade ucraniana de Mariupol, no sudeste do país, que está agora totalmente cercada pelas forças russas.
Ainda na conferência de imprensa, o chefe de Estado polaco, Andrzej Duda, pediu aos parceiros europeus "fundos especiais" para a Polónia, dado que tem sido o país que acolheu o maior número de refugiados ucranianos – mais de dois milhões de pessoas.
"As aulas de língua, o apoio médico, os cursos de formação e a educação das crianças ucranianas", bem como “questões financeiras” no “contexto” da ajuda aos refugiados, foram algumas das soluções que Duda apontou.