O Governo da Ucrânia assegurou que os defensores de Mariupol, considerada um dos principais alvos estratégicos da invasão russa, continuam a resistir. “A cidade não caiu”, garantiu o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, à ABC, este domingo, enquanto continuavam a cair mísseis em Kiev, possivelmente como retaliação pelo naufrágio do cruzador Moskva, o orgulho da frota russa no Mar Negro, esta quinta-feira.
As notícias que vão chegando do campo de batalha certamente não são animadoras para o Kremlin. As autoridades russas asseguraram que um fogo de origem desconhecida detonou o armazém de munições do cruzador, equipado com mísseis guiados, danificando a sua estrutura. E fizeram questão de divulgar imagens de uma centena de militares que dizem ser a tripulação do Moskva, vivos e a fazer formatura este domingo, em Sevastopol, na Crimeia, o principal porto da frota do Mar Negro.
Já a Ucrânia e os Estados Unidos afirmam que foram as forças armadas ucranianas que afundaram este cruzador, atingindo-o com dois mísseis Neptune. Seria um feito formidável, tendo em conta que o Moskva é maior navio de guerra afundado desde a II Guerra Mundial. E já não é a primeira vez que um navio russo afunda desde o início da invasão. Ainda há umas semanas o navio expedicionário Orsk, equipado para efetuar desembarques anfíbios, foi destruído em Berdyansk, uma cidade portuária ucraniana ocupada pelos russos, tendo Kiev anunciado que tinha atingido o Orsk com mísseis, enquanto o Kremlin negava que tal tivesse acontecido.
Seja como for, a Rússia retaliou atingindo esta sexta-feira a fábrica de Vizar, nos arredores de Kiev, uma fábrica de mísseis ucraniana, que se pensa produzir os mísseis Neptune. No dia seguinte foi atingida uma outra fábrica de armamento, no bairro de Darnytsky. Uma outra fábrica foi atingida no domingo, em Brovary, por mísseis de precisão, anunciou o Ministério da Defesa russo, citado pela Reuters. Brovary já tivera o infortúnio de virar linha da frente durante as tentativas russas de cercar a capital, acabando por ser travadas neste bairro, enquanto a população fugia, aterrorizada.
pesadelo diplomático No entanto, se as autoridades ucranianas asseguram que os defensores de Mariupol ainda resistem, as forças russas têm conseguido capturar vários deles, incluindo dois combatentes vindos do Reino Unido.
Um dos britânicos capturados, Shaun Pinner, de 48 anos, um veterano que se juntara aos fuzileiros ucranianos há quatro anos, quando foi viver para Donbass com a sua mulher, apareceu na televisão russa. Explicando que fora capturado em Mariupol e que estava nas mãos dos separatistas de Donetsk.
O caso arrisca ser um pesadelo diplomático para o Governo de Boris Johnson, que ainda este domingo foi proibido de entrar na Rússia. Não que houvesse grande expectativa de o primeiro-ministro britânico visitar o Kremlin em breve. Johnson tem-se afirmado como um dos mais enérgicos defensores na NATO de uma posição mais dura quanto a Moscovo, bem como do envio de armamento para a Ucrânia.