“A falência do Estado russo é apenas uma questão de tempo”, disse Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ao jornal alemão Bild am Sonntag.
Von der Leyen avançou que as sanções ocidentais ao regime de Vladimir Putin, como consequência da invasão russa da Ucrânia, estarão a surtir efeito, afetando a economia russa “semana após semana”. Aliás, com este pano de fundo, a líder da Comissão Europeia disse ainda que as “exportações de bens para a Rússia caíram 70%”. “Centenas de grandes empresas e milhares de especialistas deixaram o país. O PIB [Produto Interno Bruto] na Rússia, de acordo com as previsões atuais, irá diminuir em 11%”, afirmou ainda.
Os números não são nada risonhos para os russos, e que o digam os dados do Ministério das Finanças russo citados pela TASS, que revelam que a dívida pública externa do país ascende a 59.500 milhões de dólares (mais de 55.000 milhões de euros), o que corresponde a 20% da dívida pública. Aliás, é importante também realçar que, no total, a Rússia tem 15 empréstimos obrigacionistas ativos com vencimentos entre 2022 e 2047.
A União Europeia está a preparar um sexto pacote de sanções contra a Rússia, e o setor bancário é o principal alvo: “Continuamos a olhar para o setor bancário, especialmente o Sberbank, que sozinho representa 37% do setor bancário russo. E é claro que estamos a lidar com questões de energia”, completou a chefe do Executivo da UE.
As dificuldades são notórias, e o próprio ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, já reconheceu que o congelamento das contas do Estado russo em moeda estrangeira é um obstáculo no cumprimento das obrigações da dívida. “Existem dificuldades em cumprir as obrigações da dívida soberana apenas devido à falta de acesso às nossas contas em moeda estrangeira”, disse Siluanov, numa carta enviada ao seu homólogo brasileiro, Paulo Guedes. Carta esta que foi divulgada pelo jornal brasileiro O Globo, onde Siluanov pede o apoio diplomático do Brasil junto do Fundo Monetário Internacional (FMI), bem como do Banco Mundial e do G20, para evitar “tentativas de discriminação em instituições financeiras internacionais e fóruns multilaterais”.