O Ministério da Defesa russo garantiu, esta sexta-feira, que Moscovo está à espera de um sinal de trégua no complexo siderúrgico Azovstal – o único lugar de resistência das forças ucranianas em Mariupol – para possibilitar a saída de civis e a rendição dos combatentes.
"O ponto de partida desta pausa humanitária será o levantamento pelas formações armadas ucranianas de bandeiras brancas na totalidade ou numa parte de Azovstal", avançou aquele ministério em comunicado.
Nas palavras da Rússia, os civis que saírem durante este período – válido para os russos durante 24 horas – terão a possibilidade de se juntar a territórios sob controlo ucraniano ou russo. Quanto aos soldados ucranianos, os russos garantiram que serão bem tratados e os feridos socorridos.
Moscovo ainda afirmou que tanto “autocarros e automóveis” como ambulâncias estarão permanentemente disponíveis e prontos "para transportar pessoas".
O ministério revelou que esta proposta foi transmitida à vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchuk, à ONU, à OSCE e ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e que a mensagem desta iniciativa vai será transmitida a cada 30 minutos "em todos os canais de rádio para os combatentes ucranianos em Azovstal".
Importa dizer que, esta quinta-feira, Vladimir Putin, Presidente da Rússia, reivindicou a conquista, após quase dois meses de combates, da cidade portuária e considerada estratégica de Mariupol, ainda que o complexo industrial de Azovstal esteja ainda sob controlo ucraniano.
Em vez de atacar como forma de invadir este gigantesco e parcialmente subterrâneo espaço, Putin ordenou que o mesmo fosse sitiado numa tentativa de forçar os seus defensores a renderem-se.
A guerra na Ucrânia poderá entrar numa nova fase caso Mariupol fique totalmente sob o poder da Rússia. Para o governador ucraniano da região de Donetsk, o futuro da guerra “depende do destino de Mariupol”, uma vez que o sudeste do país está quase inteiramente a comando das tropas russas.
"O sucesso da ofensiva russa no Sul depende do destino de Mariupol", disse Pavlo Kyrylenko à agência francesa AFP numa entrevista por videoconferência.
Kyrylenko considerou que Mariupol, que pertence a Donetsk, é uma cidade estratégica para os dois países: para os ucranianos no que diz respeito à defesa da região, como para os russos, que querem certificar um corredor terrestre seguro entre o Donbass e a península da Crimeia, que anexaram em 2014.
Segundo o governador, a Rússia “está a concentrar todos os seus esforços em Mariupol”, faltando garantir apenas o complexo de Azovstal que está a salvaguardar os últimos combatentes ucranianos.
De acordo com as declarações do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na quarta-feira, estão ainda no complexo cerca de "1.000 civis, mulheres e crianças" e "centenas de feridos" na fábrica de aço construída em 1930, na era soviética.