Setor da construção está confiante mas deixa alertas

Construção vê-se a braços com problemas de falta de matéria-prima e aumento de preços. Bazuca pode “apoiar retoma e reposicionamento competitivo”.

Numa altura em que o setor da construção enfrenta várias dificuldades – que já vinham da pandemia mas que agravaram com a invasão russa na Ucrânia – principalmente no que diz respeito às matérias-primas, os olhos estão agora postos no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).

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Questionado sobre se a bazuca poderia ser usada para este setor, Manuel Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) e da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), lembra ao i que, pelo menos, é o que está “previsto no PRR nacional e na própria Estratégia Europeia de Recuperação e Resiliência, onde cabe ao setor um papel fundamental”. E acrescenta que, no programa, “a presença das nossas empresas é transversal, dada a sua relevância nas três dimensões estruturantes deste plano, designadamente a resiliência, a transição digital e a transição climática”.

Ainda assim, Manuel Reis Campos diz que é importante realçar “a sua importância, quer ao nível da concretização de todos os projetos de infraestruturas que foram identificados como essenciais para o país, quer ao nível de domínios concretos como a habitação, que é a componente individual do PRR com maior dimensão, representando 1583 milhões de euros em subvenções e 1150 milhões em empréstimos, ou a eficiência energética em edifícios, onde estão previstos 610 milhões de euros”.

O responsável diz ainda que cabe agora ao Governo assumir essa responsabilidade e “criar condições para a implementação dos investimentos planeados e que estão em curso, que são decisivos para apoiar a retoma e o reposicionamento competitivo do nosso país”.

Por seu turno, João Ferreira Gomes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Janelas Eficientes (ANFAJE), diz que o PRR prevê a execução de programas de apoio à melhoria do conforto e da eficiência energética”. Mas deixa um alerta: “O mais preocupante ao nível das verbas do PRR tem que ver com todos os investimentos previstos em obras públicas (habitação social) e obras de melhoria dos edifícios públicos e de serviços, tendo em conta que os preços-base para alocar ao lançamento dos concursos públicos tem de subir (face a 2021) acima de 30%”, diz ao i.

Já José Luís Sequeira, presidente da Associação Portuguesa das Industrias de Cerâmica e Cristalaria (APICER), não tem dúvidas que “o PRR pode, deve e virá a ser usado pelos setores de cerâmica e cristalaria, sendo que estamos ainda na fase de candidaturas”.

De acordo com o responsável, este plano “permitirá sobretudo atingir soluções de descarbonização dos combustíveis alternativos ao gás natural, soluções que ainda não existem em termos comerciais a nível mundial, mas que estão em fase de desenvolvimento a partir da produção de combustíveis alternativos”.

Ao i deixa ainda a nota de que “nada valerá apoiar soluções de descarbonização, se não forem asseguradas as condições de laboração que permitam chegar até lá”.