Depois de já ter disparado o maior míssil balístico intercontinental da sua história e de ter batido o recorde de maior número de lançamentos num só ano, a Coreia do Norte anunciou, esta terça-feira, que pretende aumentar a capacidade nuclear do país.
A revelação foi feita pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un, durante um desfile militar em Pyongyang, de forma a marcar o 90.º aniversário das forças armadas da Coreia do Norte, onde afirmou que pretendia “tomar medidas para reforçar e desenvolver as suas forças nucleares ao ritmo mais rápido possível”.
“Iremos continuar a tomar medidas para desenvolver as forças nucleares do nosso estado na maior velocidade possível”, disse Jong-un, segundo a agência de notícias oficial da Coreia do Norte, KCNA, dirigindo-se às tropas e a uma multidão que se encontrava reunida para observar o desfile numa praça da capital coreana, uma sugestão que indica que o país continuará a realizar os testes do seu armamento, algo que tem sido considerado como uma provocação para o resto do mundo.
Analistas explicam que a frequência sem precedentes com que os testes têm acontecido ao longo deste ano é um sinal claro de que Kim Jong-un está determinado a consolidar o estatuto da Coreia do Norte como “potência nuclear”, escreve o Guardian, explicando que esta postura poderá permitir que o líder do país aborde quaisquer futuras negociações nucleares com os Estados Unidos a partir de uma posição de força.
“Apesar dos desafios económicos e contratempos técnicos, o regime de Kim está determinado a avançar com as suas capacidades de mísseis”, disse ao jornal inglês o professor de estudos internacionais da Ewha Womans University, em Seul, Leif-Eric Easley, acrescentando que “seria um erro” colocar a ameaça dos mísseis norte-coreanos em segundo plano enquanto “o mundo lida com a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia”.
Neste desfile, que contou com milhares de militares a marchar, a Coreia do Norte aproveitou para mostrar algumas das suas mais poderosas armas, nomeadamente, o maior míssil balístico intercontinental do arsenal deste país, o Hwasong-17, que, segundo as autoridades norte-coreanas, foi lançado pela primeira vez em março e terá um alcance de 15 mil quilómetros.
Este míssil tem a capacidade, “pelo menos na teoria”, tal como escreve a CNN, de colocar “todo o território continental dos EUA ao alcance de uma ogiva nuclear norte-coreana, mas analistas dizem que há dúvidas sobre se o míssil pode lançar uma carga nuclear no alvo”.
Segundo o líder norte-coreano, esta demonstração de poder é uma tentativa de “intimidar” as forças internacionais que pensam enfrentar a Coreia do Norte. “A verdadeira paz pode ser conquistada e a dignidade e soberania nacional podem ser garantidas através da poderosa força de autodefesa que pode derrotar o inimigo”, disse Kim num comunicado divulgado pela KCNA.