Portugal era um dos destinos turísticos europeus mais in antes da pandemia e, a avaliar pelo que estamos a assistir, já voltou a ser.
Na Páscoa, e nestas semanas seguintes, não foram só os espanhóis que invadiram o Algarve, Lisboa, Porto, o Norte, o Centro, as Beiras e o Alentejo.
Franceses, italianos, ingleses, alemães, nórdicos, brasileiros voltaram a viajar e, tal como há uns anos as primaveras no norte de África ‘desviaram’ as rotas para o sul da Europa, também agora a guerra no Leste aconselha a procura de destinos mais a ocidente do Velho Continente.
Ao ponto de tornar a falar-se na incapacidade do aeroporto da Portela para dar vazão a tantos voos e as principais operadoras já temerem por inevitáveis atrasos dentro de muito em breve (e é olhar o céu e ver o rasto dos incontáveis aviões que tanto contribuem para esse gigantesco capacete que aumenta o efeito de estufa e o aquecimento global da Terra assim condenada).
Além disso, regressaram as filas nas principais autoestradas de norte a sul do país, já que os nacionais também recuperaram a tradicional ‘ida à terra’ ou aproveitaram as férias pascais, o céu limpo (se descontarmos as tais nuvens deixadas pelos aviões) e a subida das temperaturas para uns primeiros dias de praia um pouco por toda a costa portuguesa, do Algarve ao Minho.
Diz boa gente que o trânsito até está pior do que era e nem a subida proibitiva do gasóleo e da gasolina inibe os portugueses de se fazerem à estrada mal podem.
Não será bem verdade que os congestionamentos estejam agora piores, as pessoas é que quase se esqueceram do inferno que era. Mas, sim, já temos outra vez situações absolutamente exasperantes. E esperem pela entrada em cena dos novos radares de controlo de velocidade (e de velocidade média). Vai ser bonito.
Primeiro na carteira de quem conduz – é impossível cumprir limites de velocidade que passam por um máximo de 20 km/h (sim, vinte quilómetros por hora) a atravessar a passagem superior sobre a linha de Cascais em Pedrouços ou por 50 km/h em avenidas de três faixas em cada sentido (como na Lusíada, entre Santa Maria e Benfica, ou na famosa Segunda Circular, no viaduto em frente ao Fonte Nova) – e depois no tempo – que o trânsito vai ser caótico, mais ainda com a quantidade de inúteis ciclovias que entopem a capital e que, na maioria das vezes, são um perigo.
Mas adiante, porque esse não é o tema desta crónica.
É, sim, o turismo e o regresso em força dos turistas a Portugal.
A começar pelo Algarve, que o tempo já convida e continua a ser um paraíso na terra e os charters andam numa roda viva no aeroporto de Faro.
Como os moliceiros e os mercantéis que também já não param nos canais da Ria de Aveiro, mesmo em tempo de concorrência da Feira de Março, que permanece um fenómeno de popularidade há décadas e não perdeu um segundo a esquecer a pandemia.
Tal qual Lisboa. Que está novamente na moda. De Belém – cujos jardins da Praça do Império se mantêm entaipados sem justificação aparente (ou a requalificação da praça tem ainda mais segredos por desvendar para além da remoção dos famigerados e definitivamente removidos brasões florais?) – ao Bairro Alto e a Alfama, renascidos em todo o esplendor e animação da sua restauração, bares e alojamentos locais (foi manifestamente precipitada a notícia da sua morte).
Mas melhor ainda, pelo que é fácil de se testemunhar, está o Porto, da Ribeira à Foz, de Gaia a Matosinhos, com turismo de qualidade bem superior ao de Lisboa.
Aliás, como mais a Norte, seja na cada vez mais cosmopolita Braga, seja em Viana do Castelo.
Ou mais para o centro, além de Aveiro ou da Costa Nova, começando por Mira até à Figueira, da Nazaré à Foz do Arelho ou a Óbidos.
Já Coimbra parece ter perdido um pouco este comboio – porventura, com saudades da Queima das Fitas ou da carne de vaca nas cantinas. E se não lhe faltam argumentos…
Sendo que com o turismo de regresso, também volta o problema da mão de obra. Ou da falta dela. Que é gritante. Mais ainda a qualificada.
E depois é ver gente desonesta a tentar todo o tipo de trapaças e golpadas, quantas vezes por trocos.
Pior agora com a crise a agudizar-se e os preços a subir na exata razão da falta de profissionalismo e de educação de quem nem faz a mínima ideia do que é um bom serviço.
E é o que mais temos, infelizmente.
Sendo que os turistas, como vêm, também vão.
E neste deixa fazer, deixa passar, depois, quando quisermos e precisarmos de arrepiar caminho, será tarde.
Eles, que andam aí e não são trouxas, já foram.