A um mês das diretas no PSD, os dois candidatos na corrida à sucessão de Rui Rio vão reforçando equipas, com Jorge Moreira da Silva a chamar para si um apoio de peso: Francisco Pinto Balsemão, antigo primeiro-ministro, ex-líder e militante número 1 do partido, será o mandatário nacional da candidatura.
Na inauguração da sua sede de campanha, em Oeiras, nesta sexta-feira, Balsemão, num discurso pautado por elogios, defendeu Moreira da Silva como a melhor escolha para o partido, mas também para o país.
«Nada tenho contra Luís Montenegro. Mas, como militante do PSD, entendo que Jorge Moreira da Silva é o melhor candidato que podemos ter para o partido e para futuro primeiro-ministro de Portugal», sublinhou, considerando que o PSD «tem o direito e a obrigação de escolher um candidato a líder que será com o voto dos portugueses o próximo primeiro-ministro».
De resto, lembrou que o antigo ministro do Ambiente «tem uma visão global», depois de ter sido «durante anos um brilhante quadro diretivo da OCDE», além de ser um «defensor da libertação da sociedade civil e do papel da sociedade civil no crescimento do país» através da Plataforma para o Crescimento Sustentável, mas também alguém que já «deu provas concretas como governante».
«Não se limita apenas a pensar o país, mas propõe medidas concretas. Não basta só falar, é preciso contribuir para que as coisas possam andar. Penso que Portugal precisa de dirigentes com esta visão, com esta experiência e esta capacidade de concretização. Com a tranquilidade e a firmeza de Jorge Moreira da Silva», rematou.
Na mesma sessão, foram ainda apresentados o diretor de campanha, o deputado Carlos Eduardo Reis, que em 2021 recuperou para o PSD a Câmara Municipal de Barcelos e foi um dos arquitetos da vitória de Rui Rio nas últimas diretas contra Paulo Rangel, além da mandatária para o Desenvolvimento Sustentável, a eurodeputada social-democrata Lídia Pereira.
Apesar de se manter longe dos holofotes, na hora de tomar a palavra, Carlos Eduardo Reis soube impôr o seu peso nesta campanha interna: «Vamos vencer esta eleição a bem do partido e a bem de Portugal».
Elogiando o «grande desprendimento» de Moreira da Silva quando decidiu abdicar do cargo de diretor para a Cooperação e Desenvolvimento para ser candidato à liderança do PSD, assegurou que o delfim de Pedro Passos Coelho «tem um programa de uma qualidade irrepreensível e traz uma agenda nova».
«Enquanto o PS tem os futuros líderes no Governo, nós temos o futuro primeiro-ministro no mundo», profetizou.
Mais distritais declaram apoio a Montenegro
Também Lídia Pereira assinalou a «credibilidade, integridade e coragem» de Moreira da Silva.
Já o gestor Miguel Goulão, antigo número dois de Moreira da Silva dos tempos da JSD e que agora será o coordenador da candidatura, não marcou presença.
Estes são os primeiros rostos conhecidos na candidatura de Moreira da Silva, a quem se apontava a falta de apoios, por oposição a Luís Montenegro, que vem somando espingardas nas estruturas distritais do partido. Os líderes das distritais de Lisboa, Braga, Setúbal, Coimbra, Guarda e Viana do Castelo já manifestaram apoio a título pessoal ou institucional. A estes junta-se também um apoio simbólico, de Conceição Monteiro, antiga secretária de Francisco Sá Carneiro e uma das mais antigas militantes do partido (disputa com Henrique Chaves o lugar atrás de Balsemão).
Para já, Montenegro ainda não revelou quem será o seu mandatário nacional. Sabe-se apenas que entre os mandatários distritais contará com Paulo Ribeiro, presidente da distrital de Setúbal, e Carlos Condesso, presidente da distrital da Guarda.
Montenegro convidou também para a sua equipa uma das peças-chave do rioísmo: Joaquim Miranda Sarmento, coordenador do Conselho de Estratégia Nacional e conhecido como o ‘Centeno de Rio’, vai ser, juntamente com Pedro Duarte, coordenador da equipa que redigirá a moção estratégica que o ex-líder parlamentar levará ao Congresso. Na direção de campanha, conta como ex-eurodeputado Carlos Coelho, que foi um dos sacrificados por Rio nas listas do PSD às europeias de 2019. E para responsável de redes sociais chamou a ex-líder da JSD Margarida Balseiro Lopes.
Impugnação rejeitada
O pedido de impugnação apresentado por um militante do Porto, que pretendia cancelar as diretas marcadas para 28 de maio, começou a ser analisado pelo Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) do PSD no passado dia 5 de abril. E, nesta sexta-feira, o órgão presidido por Paulo Colaço acabou por não dar razão a Davide Henrique Cruz, que alegava que o Conselho Nacional de 14 de março, de Ovar, que aprovou a convocação de diretas para 28 de maio e a realização de um congresso a 1, 2 e 3 de julho, não poderia ter tomado aquela deliberação, uma vez que o líder do PSD, Rui Rio, não se teria demitido formalmente.
No acórdão já divulgado, o CJN explica que «o exercício da continuidade do mandato não dependia de qualquer forma de censura, confiança, desconfiança, legitimidade, consenso ou harmonia mas, antes, da oportunidade se deveria continuar ou não já que o seu objeto estava esgotado».
«Fazendo da vitória eleitoral e da constituição de Governo o seu mandato político o presidente e a sua CPN (Comissão Política Nacional) consideravam que não deveriam continuar nas funções», argumenta o CJN, concluindo que «a cessação das funções fica assim justificada no quadro da interrupção do mandato politico pelos dirigentes responsáveis».