O jornalista russo e Prémio Nobel da Paz 2021 Dmitri Mouratov afirmou que a utilização de armas nucleares da Rússia contra a Ucrânia não acabaria com a guerra, mas sim com toda a humanidade, ainda assim não exclui hipótese de Kremlin tomar essa decisão, até porque o ‘terreno’ já anda a ser preparado pela propaganda de Moscovo.
"Não excluo a possibilidade de utilização de armas nucleares", afirmou Mouratov a jornalistas, em Genebra, onde interveio num evento a propósito do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
O jornalista do Novia Gazeta, cuja publicação foi obrigada a ser suspensa em plena invasão russa da Ucrânia, alertou para o facto de os propagandistas do Kremlin estarem já a tornar o uso de armas nucleares aceitável para a sociedade russa.
"Desde há duas semanas, vemos nas televisões que os silos nucleares deviam ser abertos", afirmou, acrescentando que também se ouve “que estas armas deveriam ser utilizadas se as entregas de armas à Ucrânia prosseguirem".
Porém, ao contrário do que diz a propaganda russa, considera Mouratov, o uso das armas nucleares "não significaria o fim da guerra", mas "o fim da humanidade".
Para o jornalista, o poder "absoluto, sem restrições" do Presidente é, hoje, a coisa mais assustadora na Federação Russa. Se Vladimir Putin decidir que as armas nucleares devem ser utilizadas, "ninguém o pode impedir de tomar essa decisão, nem o parlamento, nem a sociedade civil, nem o público", acrescentou.
Recorde-se que o Kremlin avisou que tinha colocado as forças nucleares em alerta máximo, pouco antes de ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro.