A antiga líder do Myanmar foi ontem a julgamento devido a novas acusações de corrupção, no qual terá alegadamente recebido cerca de 524 mil euros em subornos de um magnata do setor da construção. A ex-Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, foi novamente condenada, na semana passada, por um tribunal de justiça a mais cinco anos de prisão neste caso de corrupção.
Desta vez, a ex-primeira-ministra é acusada de receber dinheiro em 2019 e 2020 de Maung Weik, um magnata que foi condenado por tráfico de droga.
Segundo o jornal estatal, Global New Light of Myanmar, no tempo em que ocupava o cargo de chefe de Goberno, recebeu 550 mil dólares em quatro parcelas em 2019/20 “para facilitar os negócios de um empresário privado”.
Em declarações de 2021, Maung Weik disse que deu o dinheiro entre 2018 e 2020, indicando que incluía cerca de 95 mil euros em 2018 para uma fundação de caridade com o nome da mãe da ex-governante e 428 mil euros, entre 2019 e 2020, para fins não especificados.
A abertura do julgamento foi confirmada por um oficial à agência de notícias AP, que falou sob condição de anonimato, porque não estava autorizado a divulgar informações.
Detida desde o golpe militar, efetuado em fevereiro do ano passado, Suu Kyi foi acusada de pelo menos 18 crimes, desde fraude eleitoral até violação da Lei de Segredos Oficiais.
As várias acusações acarretam sentenças máximas que podem levar a líder deposta a passar o resto de sua vida detida. Segundo analistas políticos, esta é uma forma de remover Suu Kyi enquanto ameaça política.
Suu Kyi enfrenta ainda acusações de corrupção, nomeadamente, por, alegadamente, ter abusado da sua posição para arrendar terrenos, por se apropriar indevidamente de fundos doados a uma fundação a que presidiu e por construir uma residência, bem como por comprar e alugar helicópteros. Acusações que preveem uma punição até 15 anos de prisão.
Em dezembro, a ex-Prémio Nobel da Paz, foi condenada a quatro anos de prisão por violar leis antipandémicas e por incitação contra a junta militar, uma pena entretanto reduzida para dois anos após receber um indulto da junta militar.
A líder deposta foi também condenada em 10 de janeiro a mais quatro anos de prisão por ignorar medidas de prevenção da covid-19 num ato eleitoral e por importar ilegalmente dispositivos de telecomunicações.
Suu Kyi está ainda a ser julgada por alegada violação da Lei dos Segredos Oficiais, punível até 14 anos de prisão, sendo ainda acusada de fraude eleitoral durante as eleições de novembro de 2020.