A Organização Mundial de Saúde confirmou este fim de semana mais de 200 ataques a instalações de saúde na Ucrânia desde o início da guerra. O ponto de situação foi feito pelo diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus numa visita de dois dias ao país – e que confessou, no discurso que fez em Kiev, ser particularmente emotiva. “O tempo que aqui estive afectou-me de um modo muito pessoal. Tendo crescido numa zona de guerra, compreendo demasiado bem o que sente o povo ucraniano”, disse o responsável, de nacionalidade etíope, que deverá ser reeleito na Assembleia Mundial de Saúde marcada para o final do mês para um segundo mandato à frente da OMS_(é o único candidato na corrida).
Na conferência de imprensa ao lado do ministro da Saúde ucraniano, Viktor Liashko, Tedros Adhanom Ghebreyesus garantiu que a OMS está do lado do povo ucraniano e que os dados recolhidos durante a visita relativos aos ataques a instalações de saúde serão transmitidos ao Tribunal Penal Internacional para as investigações de crimes de guerra. “Vi os danos infligidos às estruturas de saúde e ouvi relatos de danos – físicos e mentais – infligidos a profissionais de saúde”, sublinhou Tedros, defendendo que serviços de saúde nunca podem ser um alvo. “Ao mesmo tempo que vi um enorme sofrimento, vi também bravura, humor, bondade, histórias sobre formas espontâneas e muitas vezes engenhosas encontradas pelas pessoas para se protegerem umas às outras”, continuou, incluindo nestes testemunhos o dos elementos da OMS no país.
Desde o início da invasão, a Organização Mundial de Saúde distribuiu na Ucrânia medicamentos e material clínico para mais de 15 mil cirurgias e para garantir a resposta a 650 mil doentes, indicou Tedros Adhanom Ghebreyesus. Foram ainda entregues 15 geradores a diesel para assegurar eletricidade em hospitais e clínicas. Já este fim de semana foram entregues mais 20 ambulâncias, estando também a OMS a colaborar na formação para emergências e na transferência de doentes, nomeadamente oncológicos, para fora do país. “Mas há um remédio que a OMS não pode fornecer, e que a Ucrânia precisa mais do que qualquer outro: a paz”, rematou o diretor-geral, que comparou a guerra ao “inferno” e garantiu que a OMS irá continuar à Federação Russa para que lhe ponha fim.