Adesão da Ucrânia à UE? É uma “questão de guerra ou de paz”, diz Kuleba

No dia em que recebeu a visita ‘inesperada’ da homóloga alemã, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia felicitou a “alteração da posição” de Berlim quanto à sua política externa face a Moscovo. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, considerou, esta terça-feira, a entrada do seu país na União Europeia (UE) uma “questão de guerra ou de paz” e elogiou a “mudança de posição” na política externa da Alemanha, nomeadamente com questões relacionadas com a Rússia.

"Devo sublinhar que a adesão da Ucrânia à União Europeia [UE] é uma questão de guerra ou de paz", afirmou Dmytro Kuleba numa conferência de imprensa em Kiev, com a sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, que visitou de 'surpresa' a capital ucraniana de Kiev. É o primeiro membro do Governo alemão a fazê-lo desde o início do conflito.

Na ótica de Kuleba, “uma das razões pelas quais a guerra começou é que [o Presidente russo, Vladimir Putin] estava convencido que a Europa não necessitava da Ucrânia".

E se os europeus se decidirem quanto às "ambiguidades sobre as perspetivas da Ucrânia" em integrar a UE, Moscovo vai desistir de “retomar [o controlo] da Ucrânia", sublinhou o diplomata ucraniano.

Note-se que Bruxelas deverá emitir em junho o seu parecer sobre a obtenção pela Ucrânia do estatuto de candidato à UE.

Ainda com a presença da homóloga alemã, Dmytro Kuleba felicitou a "alteração da posição" de Berlim quanto à sua política externa face a Moscovo, no momento em que invade a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

"Gostava de agradecer à Alemanha de ter alterado a sua posição sobre um certo número de questões", incluindo "a sua política tradicional dirigida à Rússia", vincou Kubela.

"A Alemanha alterou a sua posição sobre o fornecimento de armas à Ucrânia e o chanceler Scholz anunciou o início de uma nova política face à Rússia", notou o ministro, ao considerar uma “grande viragem histórica” o facto de "a Alemanha defender a integridade territorial e a soberania da Ucrânia".

Também salientou ter recebido o apoio de Berlim na questão do embargo ao petróleo russo, uma decisão que Kuleba sabia que era “difícil para a Alemanha, mas que a aceitou”.

"Era impossível que continuasse com a União Europeia que, de um lado, nos apoia, e do outro, financiando a máquina militar russa (…) ao comprar petróleo e gás russos", frisou.

Dmytro Kuleba ainda referiu a conversa que teve com a homóloga Baerbock, também dirigente dos Verdes alemães e que com os liberais integra o Governo de coligação liderado pelos sociais-democratas de Olaf Scholz. Segundo o chefe da diplomacia ucraniana, tiveram “uma conversa muito substancial sobre armamentos, sanções e integração europeia da Ucrânia".