A quarta dose da vacina da covid-19, ou segundo reforço, vai começar a ser administrada nos lares já na segunda-feira e todos os idosos com mais de 80 anos serão convocados para a vacina mais cedo do que estava previsto. A decisão de antecipar a vacina para os mais velhos, até aqui planeada para o final do verão, foi comunicada ontem pela Direção Geral de Saúde (DGS), depois de uma semana em que se confirmou o aumento acentuado dos diagnósticos, que já se tem estado a repercutir na mortalidade, com previsões de um agravamento da situação nas próximas semanas dada a subida dos diagnósticos em todas as faixas etárias.
Os dados da Direção Geral da Saúde, que questionada desde domingo pelo i sobre o aumento de surtos em lares ainda não fez um ponto de situação sobre as instituições, mostram que desde o início do mês morreram 230 pessoas com covid-19 em Portugal, quando em maio de 2021 houve registo de apenas de 49 mortes em todo mês de maio.
Segundo o i apurou, o aumento de surtos nas instituições e o facto de a idade das vítimas mortais ser maioritariamente acima dos 80 anos, com uma média de idades perto dos 90 anos, levou a comissão técnica de vacinação contra a covid-19 da Direção Geral da Saúde a recomendar que o calendário da vacinação fosse antecipado. A população elegível é de cerca de 750 mil pessoas, indicou a DGS, explicando que devem ser vacinadas pelo menos quatro meses após a última dose. Também quem tenha tido covid-19 este ano deverá esperar pelo menos quatro meses até fazer o reforço, mas deverá fazê-lo na mesma, defende a DGS.
Crianças com maior risco devem vacinar-se
Além dos idosos, a DGS recomenda também uma dose adicional da vacina a jovens dos 12 aos 15 anos com condições de imunossupressão. A dose de reforço destina-se nesta fase apenas a crianças transplantadas, com doenças do foro hematológico e oncológico, nomeadamente crianças que estejam a fazer quimioterapia.
Esta quinta-feira o comunicado do conselho de ministros não avançou com novas medidas de resposta à covid-19, mas o i sabe que estão a ser equacionadas para os nos próximos dias alterações, numa altura em que vários especialistas já alertaram para a necessidade de recuperar por exemplo a capacidade de testagem.
A resposta à pandemia em balanço
Um dos apelos para o regresso da comparticipação de testes nas farmácias foi feito pela médica Raquel Duarte, que liderou o grupo de trabalho responsável pelas propostas de desconfinamento. Esta sexta-feira, está prevista a presença do primeiro-ministro e da ministra da Saúde na apresentação do livro Covid-19 em Portugal: A Estratégia, da autoria desta equipa do Norte que deu apoio técnico à gestão da pandemia nos últimos meses. A obra regista as várias fases da pandemia e as recomendações feitas ao Governo. A sessão terá lugar pelas 18h no salão nobre da Universidade do Minho, em Braga.
O final de semana deverá ficar marcado por mais dois grandes eventos de massas. O santuário de Fátima vive hoje o primeiro 13 de Maio sem restrições, quando há um ano a entrada no recinto estava limitada a 7 500 pessoas. Registavam-se então menos de 500 novos casos de covid-19 por dia e a mortalidade estava também num nível inferior.
Já no domingo disputa-se o final do campeonato e o jogo de consagração do FC Porto, depois de os festejos da semana passada terem já mobilizado milhares de adeptos, o que poderá estar associado ao aumento de infeções no Norte do país, onde o Hospital de São João reportou esta semana uma procura desmesurada às urgências de pessoas com sintomas suspeitos de doenças respiratórias.
70 mil novos casos em três dias
Portugal tem estado a registar perto de 25 mil novos diagnósticos de covid-19 diários esta semana, numa altura em que a positividade atinge o valor mais elevado de sempre: perto de quatro em cada dez testes dão positivo. Só nos primeiros três dias desta semana, entre segunda-feira e quarta, registaram-se 69 924 novos casos de covid-19, quando nos mesmos três dias da semana passada tinham sido 41 mil. Verifica-se assim uma subida na casa dos 70% de uma semana para outra descontando o efeito do fim de semana, habitualmente com menos testes. Por outro lado, informou ontem o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, a gripe, que em março provocou vários surtos, regista agora uma tendência decrescente.