As portas do Torreão Nascente só abrirão ao público no próximo dia 20 de maio (o dia 19 está reservado a profissionais), mas a ARCOlisboa já começou, anunciou Maribel López. A diretora da ARCOlisboa (a filial portuguesa da grande feira de arte contemporânea espanhola, fundada em Madrid em 1982) referia-se à plataforma ARCO E-XHIBITIONS – «a nossa proposta digital para todos os que queiram preparar a sua visita» – já disponível no website oficial.
Em todo o caso, a atração principal é mesmo a possibilidade do encontro frente a frente com a arte contemporânea, ao vivo e a cores. «Depois de dois anos de parêntesis forçado motivado pela pandemia, torna-se muito gratificante estar às portas da celebração de uma edição tão especial, que representa o momento de reencontro físico com a arte contemporânea na capital portuguesa», disse Eduardo López-Puertas, responsável da IFEMA Madrid, a entidade organizadora, na apresentação do evento, que teve lugar na passada quinta-feira no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em Lisboa.
Ao longo de quatro dias, de 19 a 22 de maio, o Torreão Nascente da Cordoaria, em Belém, recebe 65 galerias de 14 países, distribuídas por três categorias: o programa geral, o programa ‘Opening’, composto por 13 jovens galerias, e o ‘África em Foco’, com nove galerias selecionadas por Paula Nascimento, oriundas de França, Uganda, Moçambique, Angola, África do Sul e Portugal.
São estas 65 galerias «os protagonistas da ARCOlisboa que, com o seu incrível trabalho, tornam possível a vinda a Lisboa de centenas de colecionadores internacionais, comissários, diretores de museus e outros profissionais», enalteceu Maribel López.
«A 5.ª edição trará novidades do ponto de vista de presença de galerias», notou Pedro Cera, membro do comité organizador. «Haverá algumas novas, infelizmente outras não voltarão à feira – mas devemos todos compreender que é uma situação normal, as galerias fazem as suas escolhas, neste momento há tantas feiras no mundo que costumamos dizer que poderíamos todos os dias estar a fazer uma feira de arte».
O galerista anunciou também «uma novidade que pode trazer um resultado diferente» à edição de 2022. «Até à edição anterior não existiam limitações ao número de artistas que cada galeria poderia apresentar, mas este ano o comité de seleção em conjunto com a direção da feira entendeu propor uma regra em que o número de artistas fica limitado ao número de metros quadrados que as galerias vão apresentar». A regra é de um artista por cada dez metros quadrados, ou seja, dois artistas para os stands mais pequenos (20m2), seis artistas para os maiores (60m2).
«Hoje é um dia muito especial», anunciou Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. «Foi um momento de rever muitos amigos, e um momento de encontrar-me também comigo em relação ao que sempre disse: que a cultura fosse o centro do meu projeto para Lisboa. E a ARCOlisboa é a peça fundamental dessa minha estratégia, a estratégia de que Lisboa seja a capital da cultura na Europa que liga à inovação», sublinhou.
«Podemos falar em Lisboa do turismo, da inovação, da tecnologia, mas se não tivermos a cultura e a arte ao centro não vamos conseguir», continuou Moedas. «Este objetivo de que a arte contemporânea tenha Lisboa como capital é algo por que, como político, vou lutar com todas as minhas forças», prometeu. «A Maribel falava em ‘abrir as nossas mentes’. Essa abertura das nossas mentes faz parte daquilo que é o objetivo da cidade. Uma cidade aberta às pessoas, àqueles que vêm de fora. O que vi na ARCO em Madrid e que espero ver na ARCO em Lisboa é este contacto entre os colecionadores, os artistas e os galeristas. Esse diálogo tem um efeito extraordinário na cidade».
A ‘inspiração’ de Moedas
O autarca revelou também que pretende que a feira de arte continue a realizar-se na capital portuguesa nos próximos anos. «A ARCOlisboa é para continuar, faz parte das minhas prioridades políticas. Temos aqui um evento que é uma pérola». Moedas referiu-se ainda às suas idas à ARCO em Madrid, antes de ser presidente da Câmara, como «uma inspiração» e falou na «alegria que foi a ARCO vir para Lisboa».
«Esse investimento na cultura é para continuar», declarou. Não deixou, contudo, de notar que é «um presidente em minoria na Câmara e nas reuniões de Câmara», como ficou dolorosamente patente na passada quarta-feira, quando, contra o sentido de voto do presidente, a Câmara aprovou uma proposta do Livre que determina a redução em 10 km/h dos limites da circulação na capital. Mas isso são os carros. Quanto à ARCO, é para seguir a alta velocidade.
O programa da feira é complementado pelas Millennium Art Talks, organizadas pela EGEAC (onde se falará, por exemplo, sobre NFTs), e outras iniciativas espalhadas por diferentes instituições da capital. A entrada na feira sem desconto custa 15€ (sexta e sábado) ou 10€ (domingo). Estudantes, desempregados e reformados pagam €5, e no sábado, dia 21, a entrada é livre para jovens dos 18 aos 25 anos, a partir das 17h.