Depois de a Direção-Geral da Saúde (DGS) ter antecipado a quarta dose da vacina contra o novo coronavírus nos lares, a operação arranca esta segunda-feira, os maiores de 80 anos serão chamados nas próximas semanas e já se adivinha uma quinta dose para o outono para a população mais vulnerável.
“O sinal de que íamos ter um subida consistente de casos e não apenas uma ondazinha foi o que levou a comissão a recomendar a quarta dose agora”, disse Manuel Carmo Gomes, epidemiologista, professor da faculdade de Ciências e membro da Comissão Técnica de Vacinação da Covid-19 da DGS ao Nascer do SOL .
“É evidente que isto pode causar um certo sentimento de que as vacinas não funcionam e algumas pessoas têm dificuldade em perceber, mas esta é a realidade: continuam protegidas contra doença que leva a hospitalização mas infelizmente os anticorpos descem e ao fim de quatro meses estamos praticamente desprotegidos de infeção. Se temos uma vacina que consegue repor os níveis de anticorpos em 13, 14 dias, temos de disponibilizar essa oportunidade de os mais idosos se protegerem”, acrescentou.
“No próximo outono/inverno, até pela evolução que temos visto da Omicron, provavelmente teremos novas linhagens e por isso será provável que seja recomendado um novo reforço, que poderá ser administrada juntamente com a vacina da gripe. Teremos de recomendar às pessoas mais frágeis que se protejam o número de vezes que for preciso”.
“A população elegível é de cerca de 750 mil pessoas, que devem ser vacinadas com um intervalo mínimo de 4 meses após a última dose ou após um diagnóstico de infeção por SARS-CoV-2, ou seja, este reforço abrange também as pessoas que recuperaram da infeção”, disse a DGS.
Recorde-se que nos primeiros 12 dias de maio morreram 259 pessoas com covid-19. São cinco vezes mais mortes do que no período homólogo do ano passado.
Com base na situação dos últimos dias, Portugal deverá voltar na próxima semana a ultrapassar os 30 mil diagnósticos a cada 24 horas. Segundo aquilo que o Nascer do SOL apurou, as previsões dos grupos que dão apoio ao Governo apontam neste momento para que o nível de infeções se aproxime dos 40 mil novos diagnósticos/dia ao longo das próximas duas semanas.