As alterações no trânsito na capital continuam a ser alvo de muitas dúvidas e críticas. Esta terça-feira, o Automóvel Clube de Portugal (ACP) anunciou que vai entregar durante esta semana uma providência cautelar contra as mudanças aprovadas pelos deputados da Câmara de Lisboa.
“Não me interessam nada as guerras políticas na Câmara, interessa-me sim a mobilidade em Lisboa e não podem ser tomadas decisões sobre Lisboa devido a guerras políticas entre a esquerda e a direita ou a direita e a esquerda. Quando houver estudos, nós respeitaremos os estudos. Sem estes, não se podem tomar medidas dessas”, sublinhou Carlos Barbosa, presidente do ACP, à agência Lusa.
Na passada quinta-feira, a proposta apresentada pelo Livre foi aprovada pelo executivo de Lisboa e determina a redução em 10 quilómetros por hora da velocidade máxima de circulação permitida atualmente em toda a cidade e ainda a eliminação do trânsito automóvel na Avenida da Liberdade aos domingos e feriados.
Também foi decidido que o corte do trânsito automóvel aos domingos deve ser alargado a todas as freguesias, aplicando-se a “uma artéria central (ou mais) com comércio e serviços locais”.
A iniciativa ‘Contra a guerra, pelo clima: proposta pela redução da dependência dos combustíveis fósseis na cidade de Lisboa’ foi votada a favor por oito vereadores – cinco do PS, um do Livre, um do Bloco de Esquerda e a vereadora Paula Marques, independente do movimento Cidadão por Lisboa, eleita pela coligação PS/Livre.
Já os dois vereadores do PCP abstiveram-se e os sete da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) votaram contra.
No dia seguinte à votação, o PSD Lisboa publicou um comunicado, no qual afirmou que vai tentar por todas as vias, incluindo jurídicas, para reverter a proposta aprovada pela oposição, notando que a proposta foi apresentada sem “consulta pública às populações, sem auscultar os comerciantes, os agentes culturais ou as juntas de freguesia".
Para Carlos Moedas, presidente da Câmara, o caminho da sustentabilidade da cidade tem de ser feito com as pessoas e os comerciantes da Avenida da Liberdade "não merecem" o que foi decidido "numa altura de recuperação económica", depois de dois anos "a sofrer por causa da pandemia".
"Não merecem que de repente haja uma decisão unilateral dos vereadores da oposição", reiterou, em declarações aos jornalistas, ao sublinhar que foi a coligação Novos Tempos que ganhou as eleições, algo que, segundo Moedas, "a oposição ainda não percebeu".
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