O recrudescimento da epidemia de covid-19 tem sido um dos fatores a contribuir para uma maior procura às urgências nos últimos dias, nomeadamente por pessoas com sintomas suspeitos que se deslocam às urgências para terem um diagnóstico. Esta segunda-feira, o dia da semana em que habitualmente há maior procura aos hospitais, voltou a haver um pico de afluência, inédito num mês de maio segundo o histórico disponível na monitorização dos serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde, que o i analisou.
A plataforma de vigilância do Ministério da Saúde mostra que houve um total de 21 230 idas às urgências nos hospitais públicos, com cerca de 1223 casos relacionados com infeções respiratórias. Na segunda-feira da semana passada, tinham sido 20 710, um número já elevado para esta altura do ano. Habitualmente, em maio, costuma haver entre 16 a 19 mil utentes por dia nas urgências nos dias de maior procura e metade dos episódios relacionados com infeções respiratórias que se estão agora a registar – um cenário mais característico dos meses de inverno, em que a procura é superior.
Se esta era a regra, com a pandemia tudo se alterou, desde logo com a quebra nas idas às urgências para metade em 2020.
Recuperaram aos poucos mas este ano pode dizer-se que o regresso à normalidade tem sido tudo menos normal. No final de março, houve um pico de infeções respiratórias nas urgências – a gripe, praticamente eliminada durante os primeiros invernos da pandemia, voltou fora de época à medida que foram levantadas as restrições da covid-19. A nova elevação de infeções respiratórias coincide com o fim da máscara obrigatória em espaços interiores e com a disseminação da nova linhagem de Omicron.
Segundo os dados disponíveis na plataforma, a procura distribui-se por todo o país – por exemplo no São João foi inferior à da semana passada, na altura um recorde máximo, mas mantém-se elevada. Das pessoas que acorreram às urgências pelos diferentes motivos, 1065 acabaram por se vir embora a meio – a chamada alta por abandono – e 1202 ficaram internadas. Das 21 230 pessoas que se dirigiram às urgências, 9197 (43%) foram triadas como casos não urgentes. Ontem o Centro Hospitalar Universitário de S. João admitiu que está a ser equacionada a ativação do nível 3 do plano de contingência, pela necessidade de alocar camas a doentes com covid-19, o que poderá ter impacto na atividade cirúrgica, chamando também a atenção para o facto de haver “imensos profissionais ausentes por contração do vírus”.