A Península Ibérica e as Ilhas Baleares, em particular, estão a viver “um episódio de calor brutal” para meados de maio, sendo que este pode chegar mesmo a ser o pior que já foi registado nos últimos 20 anos, de acordo com o El País. Nos vales dos rios Guadalquivir – corre entre Cádiz e Sevilha – e Ebro , nasce em Fontibre, na Cordilheira Cantábrica, e desagua no Mar das Baleares, os termómetros poderão chegar aos 42ºC e, em Portugal Continental, no Alentejo, estarão perto dos 40ºC.
O tempo tornou-se mais quente nesta quinta-feira e os valores elevados vão manter-se até domingo. As temperaturas mais altas vão registar-se no interior Norte, Centro e no Algarve, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
“Na região Sul, o dia mais quente deverá ser o de hoje, com temperaturas entre os 35ºC e os 37ºC, mais baixas junto ao Litoral. E nas regiões Norte e Centro, o mais quente deverá ser o de sábado, com temperaturas um pouco mais variadas, mas as mais elevadas poderão estar entre os 32ºC e os 36/37ºC”, começa por explicar, ao Nascer do Sol, o meteorologista Bruno Café, sendo que poderão atingir-se valores de 35 a 38ºC nas regiões dos vales do Guadiana, Tejo e do Douro.
“E estas serão mais baixas também no Litoral do que no Interior”, assevera o profissional do IPMA, esclarecendo que no sábado existirá uma “fase de transição”. Esta acontecerá porque “vamos passar de uma massa de ar quente e seco para uma que continuará quente, mas terá a componente marítima e haverá a descida acentuada na temperatura, começando já no sábado”, continua, deixando claro que “pode haver variações, há alguma incerteza que pode fazer variar a transição deste tempo mais cedo”.
“Portugal Continental, tipicamente, está entre a massa de ar tropical e a polar”, aponta, elucidando que aquela que está em causa “é de características tropicais e tem uma componente de quadrante leste que acaba por ter um ar continental mais seco” e, “apesar de haver esta rotação para o quadrante oeste, acaba por não ser uma massa de ar frio: é mais a componente marítima e a nebulosidade” que estão patentes.
Valores acima da média dos últimos 30 anos Segundo o IPMA, estes valores estão acima do normal para esta época do ano na ordem dos 3 a 10 graus. “Trabalhamos com uma média de 30 anos. As médias de maio deverão ser entre os 18ºC e os 25ºC nos últimos anos”, revela, adicionando que, apesar de não poder fazer previsões, sabe que a “tendência é que as ‘ondas de calor’ se tornem mais recorrentes”.
“No domingo, não será tanto isto, será mais esta massa que poderá dar origem a chuva e aguaceiros, em especial no Litoral. A instabilidade tem muito a ver com a depressão que está em aproximação ao Continente”, afirma. “O dia que deverá ser mais gravoso é o de sábado. Há sempre esta incerteza em relação à deposição das poeiras, embora a tendência não seja para haver muita. E temos a conjugação da instabilidade de sábado, podendo haver chuva de lama no Norte e no Centro”.
O profissional elucida igualmente que o IPMA está a fazer as previsões meteorológicas para cinco dias. Ainda assim, Bruno Café diz que “o início da próxima semana deve ser caracterizado por céu muito nublado”, existirá “a possibilidade de precipitação no Norte, Centro e Litoral e a tendência é que as temperaturas possam subir a partir do meio da semana”.
“Tecnicamente, não temos uma onda de calor”, explica Bruno Café. Para isso teriam “de se verificar, durante mais de cinco dias, temperaturas máximas superiores a uma média climatológica”. Porém, “no dia 22, as temperaturas baixam e, portanto, não acontecerá a onda de calor. As temperaturas sobem nestes dias, estarão elevadas, bem acima da média”, antevê, recordando que a expressão ‘onda de calor’, apesar de não ser cientificamente correta, é aceitável por ser mais facilmente percetível para qualquer pessoa.
O risco de incêndio continuará elevado em algumas regiões do continente pelo menos até segunda-feira devido à previsão de tempo quente.
As recomendações da DGS A Direção-Geral da Saúde (DGS), que ativou o Plano de Contingência Saúde Sazonal – Módulo Verão no dia 1 de maio, publicou, no seu site oficial, recomendações para lidar com o aumento da temperatura. Assim, “procurar ambientes frescos e arejados ou climatizados” e “aumentar a ingestão de água ou de sumos de fruta natural sem açúcar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas” são as duas primeiras ‘regras’, tal como “evitar a exposição direta ao sol, principalmente entre as 11 e as 17 horas”, que se segue, utilizando protetor solar com fator igual ou superior a 30 e renovar a sua aplicação de 2 em 2 horas e após os banhos na praia ou piscina.
“Utilizar roupa solta, opaca e que cubra a maior parte do corpo, chapéu de abas largas e óculos de sol com proteção ultravioleta” e “evitar atividades que exijam grandes esforços físicos, nomeadamente desportivas e de lazer no exterior” são mais dois conselhos avançados pela DGS para que os portugueses se possam proteger dos efeitos negativos do calor intenso.
Escolher as horas de menor calor para viajar de carro, não permanecendo dentro de viaturas estacionadas e expostas ao sol e “dar atenção especial a grupos mais vulneráveis ao calor, tais como crianças, idosos, doentes crónicos, grávidas, pessoas com mobilidade reduzida, trabalhadores com atividade no exterior, praticantes de atividade física e pessoas isoladas” são os pontos que se seguem na lista de recomendações, sendo frisado que os doentes crónicos ou que seguem medicação e/ou dietas especificas devem seguir as recomendações do médico assistente ou do centro de contacto SNS 24: 808 24 24 24.