A Direção Geral da Saúde divulgou ontem pela primeira vez dados sobre reinfeções, tendo corrigido os boletins divulgados sobre a covid-19 que afinal não contemplavam estes casos. Ao longo dos últimos meses, esta era uma questão que o i já tinha colocado à DGS, não tendo chegado a ser divulgada esta informação, que já estava no entanto a ser monitorizada, indicou ontem a autoridade de saúde.
“Os dados relativos a reinfeções, 194 244 no total, têm vindo a ser monitorizados regularmente, não tendo originado alterações na interpretação dos padrões relativos à situação epidemiológica até ao momento. A inclusão de reinfeções nos novos casos de infeção por SARS-CoV-2 deverá ser enquadrada nos estudos de efetividade vacinal. Sabe-se que o risco de infeção é menor entre as pessoas com dose de reforço”, salientou a Direção Geral da Saúde, ao divulgar a análise feita sobre estes casos, agora introduzidos no quadro de casos diários. No relatório técnico divulgado, a DGS recorda que, quando entrou o sistema BI SINAVE, usado pelos laboratórios e farmácias para reportar testes positivos, a regra foi considerar apenas o primeiro resultado positivo para cada utente, isto por haver testes repetidos (no início até para alta) e não serem contados como casos a dobrar.
Situações de reinfeções acabavam excluídas, esclarecendo agora a DGS que este processo partiu então do pressuposto de que os fenómenos de reinfeção eram raros, entre 1% e 2%. Um cenário que se alterou com a emergência da variante Omicron no final do ano passado, que tornou cinco vezes mais provável a reinfeção do que com a variante Delta, que antes dominara a circulação do vírus, concluiu a análise. “Dessa forma, para manter a precisão e fiabilidade do processo de vigilância epidemiológica da infeção a SARS-CoV-2, foi necessário proceder a uma atualização da metodologia de contabilização de casos, incorporando as suspeitas de reinfeção”, justifica a DGS.
Ao longo da pandemia e até 10 de maio o país teve então 3 982 250 diagnósticos de covid-19, 194 244 reinfeções. A maioria (180 700) ocorreram com a Omicron, quando a taxa de reinfeção atingiu uma média de 6,1%, cinco vezes acima dos 1,92% com a Delta.
Olhando apenas para os últimos dias, desde dia 10 de maio até dia 17 e tendo por base os números até aqui publicados pela DGS, ontem corrigidos, percebe-se que as reinfeções dispararam nesta nova vaga associada à variante BA.5, que já se sabe poder reinfetar mesmo quem teve covid-19 no início do ano. Só neste período de oito dias foram incluídos ontem na base de dados mais 23 374 casos que até aqui não tinham sido publicados, o que dá uma taxa de reinfeções na última semana na casa de 11% no total de diagnósticos, analisou o i.
O dia com mais diagnósticos foi a última segunda-feira, com 38 573 casos, tendo diminuído nos últimos dias, mas continuando acima de 30 mil. Não têm sido divulgados dados regionais diariamente, pelo que não é possível perceber se o que parece um sinal de abrandamento se verifica em todo o país. Marta F. Reis