O BCP foi o último dos grandes bancos a apresentar resultados. A instituição liderada por Miguel Maya apresentou lucros de 112,9 milhões de euros no primeiro trimestre, o que representa um aumento de 95,2% face ao mesmo período do ano passado.
Este valor engorda os números que já eram conhecidos dos quatro grandes – Santander Totta, novobanco, Caixa Geral de Depósitos e BPI – que todos somados dá um lucro de 604,9 milhões de euros só nos três primeiros meses do ano. Feitas as contas, dá uma média diária de quase 6,8 milhões de euros. E, tal como tem vindo a ser habitual, os resultados continuam assentes na redução dos custos de estrutura – com equipas cada vez mais reduzidas e menos balcões – e no aumento das comissões.
Ainda assim, o BCP garantiu que os resultados foram negativamente influenciados pelos encargos com os créditos em francos suíços da operação na Polónia, já que sem esses custos o resultado líquido teria sido de 174,6 milhões de euros nos três primeiros meses do ano. Na atividade em Portugal, o resultado líquido registou um crescimento de 29% face aos 83,4 milhões de euros alcançados no primeiro trimestre do ano anterior, totalizando 107,6 milhões de euros nos primeiros três meses de 2022, com a instituição financeira a justificar esta subida com o «crescimento do produto bancário e pela redução dos custos operacionais».
A margem financeira subiu 24,1% para 465,1 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, enquanto as comissões registaram uma subida de 21,7% para 192,8 milhões de euros. Já o produto bancário evoluiu 21,2% para 700,7 milhões.
Os custos operacionais do BCP ficaram praticamente inalterados nos 255 milhões, com o rácio de eficiência a melhorar dos 43,6% para os 36,4%.
O BCP contou com menos 740 trabalhadores, passando de 7 004 no primeiro trimestre de 2021 para 6 264 nos três primeiros meses do ano. Também reduziu 55 sucursais ao passar de 476 para 421.
Ainda esta semana, as estruturas sindicais revelaram que o processo negocial no BCP para revisão das tabelas e cláusulas de expressão pecuniária para 2021 e 2022 continua. «Não obstante as inúmeras reuniões havidas e da tentativa de aproximação de posição de cada uma das partes, o consenso não foi possível», referindo que a instituição financeira alegou não ter condições para evoluir na sua posição, uma situação não aceite pelos sindicatos ao invocarem «os bons resultados recentemente anunciados».
Um cenário que vai ao encontro do que já tinha defendido em entrevista ao Nascer do SOL pelo presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários ao garantir que «o sistema bancário em Portugal está robusto e sólido, mas contra esta acalmia temos uma realidade bastante dual. Por um lado, as empresas bancárias estão bastante resilientes, bem capitalizadas e com níveis de rendibilidade muito interessantes; por outro lado, mostram uma enorme relutância em fazer uma atualização salarial e das cláusulas de expressão pecuniária que reflitam um bocadinho esta distensão de que os bancos beneficiaram em 2021 e terão beneficiado seguramente ao longo de todo o primeiro trimestre de 2022».
Lucros atrás de lucros
A liderar o pódio está o Santander Totta ao lucrar 155,4 milhões de euros, um aumento face aos 34,2 milhões registado no período homólogo. Mas justificou este aumento: «No 1.º trimestre de 2021 tinha sido registado um encargo extraordinário, no valor de 164,5 milhões de euros (líquido de impostos), para fazer face ao plano de transformação em curso, com a otimização da rede de agências e investimentos em processos e tecnologia», revelou.
Os custos operacionais caíram 15,6% para 121 milhões de euros, sendo que os custos com pessoal baixaram 11,7% para 44,5 milhões de euros. No primeiro trimestre deste ano (comparando dados de finais de março com finais de dezembro de 2021), o Santander reduziu o quadro de funcionários em 84 pessoas (sendo 4 721 no final de março) e fechou quatro agências (sendo 344 em março). No ano passado, o banco levou a cabo uma reestruturação, reduzindo 1.175 postos de trabalho, o que motivou manifestações e processos judiciais.
Logo a seguir surgiu a Caixa Geral de Depósitos, com os lucros a dispararem 80,5% nos três primeiros meses do ano para 146 milhões de euros. No ano passado tinha sido penalizado pelo reforço das imparidades para dar resposta à pandemia. Os custos operacionais totalizaram 60,6 milhões, uma redução de 3,8 milhões «consubstanciada na descida dos custos com pessoal em 3,6 milhões, capturando as sinergias resultantes da implementação do plano de ajustamento do quadro de colaboradores, e nas depreciações e amortizações em 0,3 milhões, na medida em que os gastos gerais administrativos aumentaram 0,1 milhões». O total de trabalhadores e de balcões da atividade em Portugal diminuiu, respetivamente, em 244 e em 37 face ao final de março de 2021.
Também o novobanco duplicou os lucros no primeiro trimestre do ano, passando de 70,7 milhões para 142,7 milhões de euros. Os resultados foram apresentados, numa altura, em que a instituição financeira está a mudar de liderança. Trata-se do quinto trimestre de resultados positivos, com a instituição financeira a «apresentar melhorias de desempenho financeiro apesar do atual contexto macroeconómico caracterizado por pressões inflacionistas e consequente volatilidade das taxas de juro».
Já os custos com pessoal totalizaram 55,7 milhões, o que representa uma queda de 5,1% face a igual período do ano passado, «mantendo a tendência de redução que se tem verificado nos últimos anos em resultado das medidas de eficiência implementadas». No final de março, contava com 4182 colaboradores, menos 375 colaboradores face ao primeiro trimestre do ano anterior, quando tinha 4557 colaboradores. Quanto ao número de balcões fixou-se em 311 (-46 balcões face ao primeiro trimestre do ano passado).
Por seu lado, o BPI apresentou um lucro consolidado de 49 milhões de euros no 1.º trimestre, face aos 60 milhões verificados no período homólogo. Ainda assim, garantiu que a atividade foi muito positiva, com crescimento dos proveitos, «com ganhos de quota de mercado em praticamente todos os segmentos comerciais, ao mesmo tempo que manteve os custos contidos, apesar do forte investimento na transformação digital», referiu João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do banco.
A instituição financeira aumentou em oito o número de colaboradores desde o início do ano, ficando com 4.486 trabalhadores, e fechou oito pontos da rede de distribuição, dos quais sete balcões e um centro premier. No entanto, em termos homólogos, face aos 4.597 colaboradores de que dispunha em março de 2021, o número de trabalhadores reduziu-se em 111.