Uma mulher de 50 anos confessou esta segunda-feira ter ateado fogo à habitação onde vivia o ex-companheiro, em Estarreja, Aveiro, mas disse que não tinha intenções de o matar.
Na primeira sessão do julgamento, a decorrer no Tribunal de Aveiro, onde se encontra a responder por um crime de homicídio qualificado na forma tentada e por um de incêndio, a mulher admitiu ter ateado fogo à casa do ex-companheiro por não aceitar a sua decisão de terminar a relação.
Contudo, a arguida acrescenta que não tinha intenções de pôr termo à vida do homem, uma vez que tinha a certeza de que este não estava em casa.
"Nesse dia ele não estava em casa. Estava no café, porque vi a 'scooter' dele em Avanca", sublinhou, afirmando que só queria "um susto".
Questionada pela magistrada que preside ao coletivo de juízes que está a julgar o caso, a mulher disse acreditar que o que fez não era suficiente para fazer a casa arder, lembrando que não chegou a despejar "a gasolina toda". A arguida referiu ainda que não se encontrava bem naquele dia, uma vez que não tinha tomado a medicação (calmantes) e que estava alcoolizada.
Os factos ocorreram a 3 de agosto de 2021 e, segundo a acusação do Ministério Público (MP), depois a mulher se ter dirigido a um posto de combustível em Esmoriz, onde adquiriu um litro de gasolina, a mulher seguiu para a habitação do ex-companheiro, em Pardilhó.
Quando chegou, derramou combustível na janela e na porta de entrada, ambas de madeira, ateou fogo e abandonou o local.
O MP afirma que se o ex-companheiro, que se encontrava no quarto e se preparava para dormir, não tivesse sentido o "forte odor a gasolina" e se tivesse apercebido dos barulhos vindos do exterior, "o incêndio ter-se-ia facilmente propagado e consumido toda a residência", provocando a morte ao ofendido.
A arguida foi detida pela Polícia Judiciária poucos dias depois do crime, encontrando-se desde então em prisão preventiva.