Os apresentadores de televisão do sexo masculino do Afeganistão começaram a utilizar máscaras para cobrir o rosto em forma de protesto contra a medida imposta pelos Talibãs que obriga as suas colegas apresentadoras e jornalistas a cobrirem a cara, ordem que se aplica a toda a população feminina do país.
O protesto, de nome #FreeHerFace, consiste nos jornalistas e trabalhadores da área a taparem a sua cara para imitar o efeito do véu que as jornalistas estão obrigadas a usar, como aconteceu no Tolo News, um dos canais noticiosos afegãos mais conhecidos.
O governo talibã daquele país esclareceu no dia 19 de maio que a ordem para que as mulheres cubram o rosto se aplica a toda a população feminina do país, incluindo as apresentadoras de televisão, que até ao momento não se encontravam tapadas enquanto trabalhavam. Quem não cumprir, note-se, poderá ser preso.
Um pivot do sexo masculino, de 29 anos, de um canal de televisão privado, cuja identidade não foi revelada por questões de segurança, disse ao The Guardian que ele e outros colegas colocaram máscaras enquanto trabalhavam nos últimos dois dias. "Atuar com uma máscara é muito aborrecido", disse. "Quando atuo com uma máscara, sinto que alguém me agarrou pela garganta e não consigo falar". Os apresentadores e jornalistas irão continuar a protestar até que a ordem seja reconsiderada pelo regime Talibã.
Lema Spesali, apresentadora de notícias para o canal "1TV", em Cabul, disse ao mesmo jornal britânico que soube da notícia ao chegar ao local de trabalho, num domingo de manhã. "Dois membros talibãs vieram ao nosso gabinete e disseram que a decisão sobre máscaras obrigatórias para as apresentadoras femininas deve ser implementada", contou.
Para além da cara tapada, a apresentadora foi obrigada a trocar as suas roupas, mais coloridas, por vestidos compridos. "Não consigo respirar. Não consigo respirar", afirmou. "Precisamos de pronunciar as palavras com precisão. É muito difícil ler as notícias com uma máscara."