A Comissão Europeia considera que Portugal continua a apresentar desequilíbrios macroeconómicos, principalmente devido aos elevados níveis de dívida pública, privada e externa, num contexto de baixo crescimento da produtividade. Da análise ao nosso país, Bruxelas diz que “as vulnerabilidades estão relacionadas com uma elevada dívida privada, pública e externa, num contexto de baixo crescimento da produtividade”, acrescentando que, “após uma inversão temporária em 2020 devido à crise da covid-19, essas vulnerabilidades retomaram a sua trajetória descendente em 2021”, mas “continuam acima dos níveis pré-pandemia”.
Mas há mais. De acordo com a Comissão Europeia, “os rácios da dívida do setor privado e público retomaram as suas tendências descendentes em 2021, mas continuam acima dos níveis pré-pandemia e o primeiro continua a exceder os níveis prudenciais”, mas “no futuro, espera-se que as dívidas privada, pública e externas continuem a recuar, em virtude do crescimento económico”.
O documento nota ainda que “o saldo da conta corrente tornou-se negativo em 2020 e 2021, principalmente devido ao choque provocado pela pandemia no setor do turismo, enquanto a posição líquida de investimento internacional melhorou consideravelmente já em 2021, mesmo além do seu nível pré-pandemia”.
Ainda esta segunda-feira o vice-presidente executivo da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis defendeu que, como Portugal é um “país muito endividado”, deve ter uma “política orçamental prudente”, com limite das despesas correntes, e investimentos na área da energia.
“Portugal é um país muito endividado e, por isso, a nossa recomendação é a de assegurar uma política orçamental prudente, em particular limitando o crescimento das despesas correntes financiadas a nível nacional abaixo do crescimento potencial do PIB a médio prazo”, disse o responsável.
Alerta sobre Função Pública A Comissão Europeia chamou a atenção para o crescente peso do número de funcionários públicos em Portugal nos últimos anos, “o que tem conduzido a um aumento permanente dos gastos públicos”.
No relatório, Bruxelas diz que “a despesa de Portugal com os salários na Função Pública superou em 1,3 pontos percentuais a média da União Europeia em 2021 (11,8% do PIB em Portugal, o que compara com 10,5% na União)”.
Feitas as contas, o número de funcionários públicos em Portugal “atingiu um máximo no quarto trimestre de 2021”.
E a economia? No relatório, Bruxelas diz que a economia portuguesa “continua a recuperar depois de ter sido duramente atingido pela pandemia”, acrescentando que a economia de Portugal estava a crescer “a um ritmo sólido antes da crise do covid-19”.
Mas recorda que o país contava com uma grande exposição ao turismo antes da pandemia, o que fez com que a economia fosse mais afetada e o PIB tivesse uma contração de 8,4% em 2020. Mas a economia cresceu 4,9% em 2021, “recuperando mais da metade do nível de produção perdido em 2020”.
Estima-se que o PIB tenha atingido os níveis pré-pandemia no primeiro trimestre deste ano. A inflação subiu para 0,9% em 2021 e deverá aumentar ainda mais para 4,4% em 2022, “devido a uma volatilidade significativa nos mercados de commodities afetados pela invasão russa ma Ucrânia”.