O caos invadiu, ontem de manhã, o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, onde centenas de pessoas tiveram de esperar durante várias horas para serem atendidas no serviço de controlo de fronteiras na área de chegadas. Os bloqueios atingiram passageiros oriundos de voos de fora da Europa, que, admitiu a ANA, tiveram de esperar até cinco horas para poder passar pelo controlo de fronteiras.
A culpa? Um plenário de um dos sindicatos do SEF, entre as 6h e as 9h da manhã, que “terá afetado mais de 4 500 passageiros”, segundo estimativas da ANA Aeroportos.
Em reação ao ‘caos’ no Aeroporto de Lisboa, José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, considerou que o acontecimento foi “muito sério”, apontando o dedo à organização do plenário do SEF. “O direito à realização dos plenários é um direito inalienável dos trabalhadores, contudo, é muito importante em cada momento avaliar o exercício desse direito”, defendeu, argumentando que o exercício deste direito não pode colocar em causa “outros valores também muito importantes, nomeadamente os valores relativos ao interesse do país e à imagem que o país dá para os milhares de turistas que procuram Portugal e que não compreendem como é que podem estar três, quatro horas, à espera no aeroporto”.
Como resposta, avançou Carneiro aos jornalistas, em Lamego, à margem das celebrações do Dia Nacional do Bombeiro, o Governo vai, durante esta semana, apresentar “um plano de contingência que vai mobilizar vários meios”.
“[O Governo] vai mobilizar recursos humanos que vamos recrutar em várias estruturas de trabalhadores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de todo o país, para reforçar o contingente disponível nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Açores e Madeira”, explicou o ministro, revelando também que “a integração dos agentes da Polícia de Segurança Pública no apoio ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras” será reforçada “para garantir uma resposta mais célere”, mais especificamente “no encaminhamento para as ‘boxes’ de serviço na primeira linha de apoio e de entrada no país”.
José Luís Carneiro ressalvou, no entanto contar “também, felizmente, com muitos dos trabalhadores e dos profissionais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que não concordam com aquilo que hoje [ontem] foi feito, que foi marcar um plenário de trabalhadores entre as 09h00 e as 11h00”, até porque esta é a janela temporal em que chega maior número de turistas” a Portugal.
E o ministro recorreu mesmo aos números para defender a sua posição, revelando que “entre as 09h00 e as 11h00 chegam entre 3.500 e 4.000 passageiros”, pelo que, “se nessas horas houver trabalhadores que bloqueiam o atendimento”, estes estarão “a contribuir para criar dificuldades acrescidas, incompreensíveis, ao regular funcionamento do aeroporto”.
José Luís Carneiro aproveitou para falar também do assunto da reestruturação do SEF, que tem sido adiada várias vezes, e a qual, diz, “é mesmo necessária”, até porque “o país não pode bloquear porque se entende convocar um plenário de trabalhadores para uma hora em que o país mais é procurado por parte dos visitantes de todos os países do mundo que querem conhecer Portugal e que têm de Portugal uma imagem muito positiva”.