Líderes comunitários africanos acusaram Zac Goldsmith, ministro britânico do Ambiente, assim como o celebridades que se manifestam contra troféus de caça, como o ator Ricky Gervais, de "neocolinialismo", argumentando que os líderes políticos estão a ignorar a população que vive com animais selvagens. Em causa está uma possível proibição da importação de troféus de caça no Reino Unido.
É esperado que o parlamento inglês apresente um projeto-lei que ponha fim à importação daquele tipo de troféus, uma medida que teria como objetivo fortalecer a conservação das espécies ameaçadas, mas que está a ser contestada.
Maxi Pia Louis, representante da Namíbia, reuniu-se na semana passada com Goldsmit, e outros políticos do Reino Unido, para expressar a sua oposição à proibição da possível lei na sua forma atual, já que remove os incentivos financeiros sem fornecer uma alternativa viável.
“Os africanos não estão a ser consultados, especialmente no sul da África, onde existe a maioria da vida selvagem. Se não houver incentivos para conservar a vida selvagem, veremos muitas das terras perdidas para a agricultura. E é fácil imaginar o que acontecerá com os leões e elefantes, que precisam de grandes áres”, disse. "Não sou uma caçadora. Não gosto de armas. Já vi pessoas a serem mortas com armas sob o apartheid na Namíbia, mas isso não me dá uma razão para tirar o sustento às pessoas", argumentou.
“[A proibição] é uma forma de neocolonialismo. Estamos abertos para discussões desde que haja respeito mútuo”, salientou. "Quem é o Ricky Gervais? Nós nem o conhecemos. As celebridades têm dinheiro, influência e acesso aos média, não às nossas comunidades. Ele devia estar a defender os vulneráveis.”
Assim sendo, Louis convidou Gervais, Goldsmith e outras figuras públicas para visitar a Namíbia para ver o problema na primeira pessoa.
Ricky Gervais, que tem sido um defensor da proibição total das importações de troféus de caça, incentivando seus 14 milhões de seguidores no Twitter a escrever ao governo de Boris Johnson para apoiar uma mudança na lei.