A Procuradora-Geral da República (PGR) sublinhou, esta quinta-feira, que qualquer pedido que chegue ao Ministério Público (MP) para realizar uma autópsia em Portugal ao corpo do ex-banqueiro João Rendeiro será tido em consideração.
"Qualquer pedido que chegue será apreciado", vincou Lucília Gago depois de ser questionada pelos jornalistas sobre o pedido da família de João Rendeiro para que seja realizada uma autópsia em Lisboa, uma vez que suspeitam que possa haver marcas de crime relacionadas com a morte do antigo presidente do BPP na prisão de Westville, na África do Sul.
À saída do Seminário "Crianças Vítimas de Abuso Sexual: Conhecer Mais para Agir Melhor", a PGR não adiantou qualquer resposta sobre se a realização da autópsia em Portugal está, ou não, dependente de autorização expressa do MP.
Segundo confirmou a advogada da viúva Maria de Jesus Rendeiro, a família de João Rendeiro pediu ontem ao Instituto Nacional de Medicina Legal para fazer uma autópsia ao corpo do ex-banqueiro, que chega amanhã de manhã a Lisboa, vindo da África do Sul.
Inês Montalvo indicou, em declarações à agência Lusa, que ainda não foi recebida uma resposta do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) e argumentou que a segunda autópsia é válida por haver "vários indícios de que se tratou de um crime".
A advogada ainda afirmou que a família não teve acesso à informação oficial sobre a realização da primeira autópsia nem dos resultados da mesma, feita na morgue de Pinetown (Durban), pelo que considera que "esta será a primeira autópsia".
"Esta é uma questão importante para a família, que pretende esclarecer se a morte resultou de um crime", assinalou Inês Montalvo, ao notar que existe uma "suspeita genérica" de homicídio e que "esta é a última oportunidade que a família tem para esclarecer o sucedido".
Apesar de a conclusão das autoridades sul-africanas apontar para o suicídio, a advogada sublinhou que a prisão de Westville "era muito violenta”, onde João Rendeiro terá sido “ameaçado de morte várias vezes”.
Para Inês Montalvo, "as condições de lugar e de modo" em que ocorreu a morte de João Rendeiro "são as menos prováveis" para configurar um suicídio.