UE cede à exigência da Hungria e elimina chefe da igreja ortodoxa russa da lista dos sancionados

Desfeita esta imposição, os embaixadores do bloco comunitário avançaram hoje oficialmente com o sexto pacote de sanções, que terá como principal restrição o embargo progressivo às importações de petróleo russo, anunciou a presidência francesa do Conselho.

Notícia atualizada às 16h30

A União Europeia (UE) aceitou, esta quinta-feira, a exigência da Hungria e vai retirar o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o patriarca Cirilo, da lista de indivíduos sancionados por apoiarem a guerra impulsionada por Vladimir Putin, Presidente da Rússia, na Ucrânia. 

Esta foi uma das exigências evocadas, nas reuniões com os líderes dos 27 Estados-membros, pelo Presidente húngaro, Viktor Orbán, para dar ‘luz verde’ ao embargo parcial ao petróleo russo, ao qual a Hungria é bastante dependente.

Orbán – considerado o único aliado de Putin na UE – já veio a público comentar a aprovação deste pacote e disse que se opõe à inclusão de líderes religiosos na lista de sanções, uma posição que, segundo o Presidente húngaro, "já era conhecida há muito". 

Esta afirmação não se confirma por várias fontes europeias, que admitiram surpresos com esta reivindicação do chefe do Governo ultranacionalista húngaro, dado que não terá sido abordada durante as longas discussões no Conselho Europeu do início da semana.

Desfeita esta imposição, os embaixadores do bloco comunitário avançaram hoje oficialmente com o sexto pacote de sanções, que terá como principal restrição o embargo progressivo às importações de petróleo russo, anunciou a presidência francesa do Conselho.

O ortodoxo Cirilo fazia parte de uma lista de mais 58 indivíduos a serem sancionados pela UE – proposta há um mês pela Comissão Europeia -, e da qual consta também o coronel e comandante da operação militar em Bucha, conhecido como 'Carniceiro de Bucha'.

De acordo com a proposta original do Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, o patriarca Cirilo era descrito como "um aliado de longa data do Presidente Vladimir Putin, que se tornou um dos mais proeminentes apoiantes da agressão militar russa contra a Ucrânia", visto que apoiou a "operação especial de manutenção da paz" russa, ao classificá-la como "operação de limpeza religiosa" e tendo ainda "abençoado os soldados russos".

​"O Patriarca Cirilo é, portanto, responsável por apoiar ou implementar, ações ou políticas que minam ou ameaçam a integridade territorial, soberania e independência da Ucrânia, bem como a estabilidade e segurança na Ucrânia", difundindo "a mensagem de que o território de Donbass e outras áreas ucranianas pertencem à Rússia Santa e, por conseguinte, deveriam ser purificados dos seus inimigos", apontava a proposta. 

Através deste pacote de sanções, a Rússia, segundo a Comissão Europeia, ficará até ao final do ano com 90% das exportações de petróleo para UE interrompidas, como forma de impedir o financiamento russo para a guerra travada na Ucrânia.

Para se alinhar com os restantes países do bloco, Orbán conseguiu um acordo para obter uma exceção ao embargo, uma vez que o seu país é dependente deste combustível russo. A Hungria poderá continuar a importar por via de oleoduto, sem que haja um prazo fixaso para o final desta exceção. 

As sanções também implicam a desconexão do maior banco da Rússia, o Sberbank, do sistema global de pagamentos SWIFT e a proibição do seguro para o envio de petróleo russo para países terceiros.

Os nomes apontados para serem adicionados à lista negra de cidadãos russos incluem a suposta namorada de Putin, a ex-ginasta Alina Kabaeva, e militares suspeitos de crimes de guerra na Ucrânia, como o coronel e comandante da operação militar em Bucha, conhecido como 'Carniceiro de Bucha'. 

A lista passará a contar com 1.090 pessoas e 80 entidades sancionadas pelas ordens da UE.