O preço do gasóleo não pára de aumentar. Depois de o litro deste combustível ter voltado a atingir, no início desta semana, valores na ordem dos dois euros, prepara-se para voltar a subir 12 cêntimos. Feitas, as contas quem estiver a pensar em abastecer o carro irá confrontar-se com preços na ordem dos 2,12 euros por litro. Já a gasolina, apesar de aliviar dois cêntimos, os valores continuam a estar muito próximos dos 2,30 euros por litro, isto se não estivermos a falar de postos de abastecimento nas autoestradas. Aí o cenário ainda é mais desanimador.
A taxa do Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), que baixou menos de um cêntimo na semana passada, mantêm-se como está e só deverá ser reajustada no próximo dia 17 de junho.
O mercado justifica este forte aumento dos preços com o anúncio da aprovação do sexto pacote de sanções da UE contra a Rússia. Os 27 países-membros deram luz verde para um embargo de até 90% às importações de petróleo russo, a concretizar até final deste ano. No entanto, se compararmos os valores que são praticados em Espanha, a diferença é grande. O preço da gasolina ronda os 1,680 euros, ou seja, abaixo 8,5% da média da União Europeia.
Mas estes argumentos contrariariam os dados recolhidos pelo Nascer do SOL. De acordo com o site Mais Gasolina, longe vão os tempos em que os sucessivos recordes do petróleo chegaram a Portugal. Estávamos em 2008, mas a média praticada nesse ano está bem longe dos valores atuais: 1.381 euros por litro no caso da gasolina e 1.251 no caso do gasóleo (ver gráfico). Nem na altura da troika, os preços praticados atingiram os atuais patamares, como lembra ao nosso jornal Luís Mira Amaral. «No tempo da troika o preço do petróleo era ainda mais alto e os preços dos combustíveis eram mais baixos do que são atualmente, o que é uma situação completamente escandalosa. Afinal Passos Coelho e a troika tinham a culpa de tudo, mas tinham um preço mais baixo, mesmo com o preço do petróleo ser muito mais elevado do que é hoje».
O economista lembra que o preço do barril chegou, na altura, a atingir os 140 dólares, quando atualmente ronda os 123 dólares (ver gráfico). A culpa, segundo Mira Amaral, é da elevada carga fiscal aplicada pelo Governo de António Costa desde que assumiu funções. «Em 2105, os preços tinham-se afundado muito e quando este Governo entra aumenta drasticamente o ISP e é isso que explica por que é que estamos a ter preços tão elevados para os consumidores».
E os números falam por si: só em abril, o Estado arrecadou 217 milhões de euros com este imposto.
Preço vs localização
Ainda esta quinta-feira, a Entidade Reguladora do Setor Energético (ERSE) indicou que, em abril, o preço do barril de petróleo diminuiu face ao mês anterior. Mas, em contrapartida, o preço médio de venda ao público da gasolina e gasóleo subiram nesse mesmo mês. Mas deu uma justificação: a alteração na gasolina foi motivada «pelas componentes de incorporação de biocombustíveis e de cotação e frete», enquanto no caso do gasóleo, pesou as componentes de incorporação de biocombustíveis, assim como os «custos e margem de comercialização».
Na mesma análise, o regulador revelou que os distritos de Castelo Branco, Braga e Aveiro registaram os preços de gasóleo e gasolina mais baixos em Portugal continental. Já Bragança, Beja e Faro apresentaram os preços mais altos. Por outro lado, os hipermercados continuam a apresentar as ofertas mais competitivas de gasóleo e gasolina: 1,5% abaixo dos operadores do segmento low-cost e 5% inferiores aos dos postos de abastecimento de marca, apresentando uma diferença de 10,2 cêntimos por litro.